O dérbi serve-se quente, domingo, na Luz e, na opinião de Mariano Barreto, o “caldo” até pode vir borda fora no caso do Benfica.
A irregularidade exibicional no campeonato e a má campanha europeia, aliadas a um jogo decisivo a meio da semana, concorrem para um acréscimo de pressão sobre Roger Schmidt e toda a equipa do Benfica.
“O aspeto anímico tem o seu peso. Não podemos alhear-nos da grande pressão que existe no Benfica, porque tem menos três pontos que o Sporting e vem de uma prestação negativa na Liga dos Campeões. Se não conseguir um bom resultado com a Real Sociedad – e os benfiquistas dificilmente vão aceitar outro resultado que não seja uma vitória - a pressão sobre o treinador, que de uma forma inexplicável tem sido feita nestas últimas semanas, ir-se-á agravar", afirma.
O Sporting, por seu lado, tem uma pressão psicológica positiva. Vai à frente no campeonato, na Liga Europa ainda tem as suas cartadas.
"Um resultado negativo não coloca em risco porque continuará na frente ainda que a par do Benfica. Portanto, a haver um perdedor que não consiga ganhar, será sempre o Benfica, por ir atrasado e pela deficiente campanha europeia em que seria expetável, no mínimo, estar a discutir a passagem à próxima fase. Isto tem um peso e diria que, juntando a carga física à carga psicológica está aqui um caldo bastante perigoso para o lado do Benfica”, declara Mariano Barreto, numa entrevista a Bola Branca.
O técnico de 66 anos alia à sua vasta experiência nacional e internacional um significativo currículo como preparador físico no início da carreira.
Mariano Barreto assinala o peso que os jogos europeus de Benfica e Sporting podem ter, em semana de dérbi, sendo que, no caso dos leões, Ruben Amorim dispõe de menos 24 horas para recuperar os jogadores.
“É óbvio que neste contexto, em que está em discussão o primeiro lugar e o apuramento para a próxima fase da Liga dos Campeões e da Liga Europa, 24 horas deixam sempre marca, até porque ainda não está perfeitamente definida a classificação, ou seja, não possibilita às equipas rodar jogadores", diz, antes de prosseguir.
"O Benfica joga praticamente a última cartada hoje e o Sporting tenta consolidar o apuramento. Isto faz com que as preocupações com o jogo do próximo domingo não possam ser tratadas já, terão de ser sempre analisadas após os jogos europeus. Daí que se possa dizer em teoria, mas com efeitos práticos, que 24 horas têm naturalmente de causar impacto, fundamentalmente em função dos jogos destas duas equipas”.
Gyokeres fresco que nem uma alface, leão cheio de fulgor, “águia” a voar baixinho
Na opinião de Mariano Barreto, são vários os fatores que concorrem para que o dérbi tenda a cair para o lado do Sporting.
“Apesar de ter ganho [em Arouca, para a Taça da Liga e em Chaves para o campeonato], o Benfica não tem demonstrado um fulgor por aí além. Já o Sporting, com maior ou menor dificuldade, tem somado resultados positivos e demonstrado um fulgor fantástico, nomeadamente na frente de ataque, onde tem tido uma prestação muito próxima da perfeição, começando pelo Gyokeres. Ainda por cima, para mal do Benfica, vai descansar [cumpre castigo na Liga Europa] e estará, como se costuma dizer, a 120 por cento”.
Por tudo isto, Mariano Barreto atribui ao Sporting o favoritismo no dérbi, contrariando aquilo que é o senso comum: “Por tradição, costuma dizer-se que a equipa em pior condição pontual, normalmente dá a volta à situação e costuma ganhar, mas atendendo ao contexto, ao que tem estado a acontecer, julgo que não será escandaloso assumir que o Sporting parte para o jogo com o Benfica naturalmente favorito".
"É o Benfica que vai ter de fazer tudo para ganhar. O Sporting tem a facilidade de fazer essa gestão e, com a qualidade e a natureza dos jogadores que tem, pode utilizar o contragolpe – em que é eficaz e altamente penalizador para as outras equipas – e tirar os dividendos que tão bem tem tirado nos últimos jogos”, remata.
O Benfica-Sporting joga-se este domingo, às 20h30, com relato na Renascença e acompanhamento, ao minuto, em rr.pt.