Carlos César acaba de manifestar o apoio a Pedro Nuno Santos para a corrida à liderança do PS. O presidente do partido revelou esta quinta-feira na rede social Facebook que não o fez antes, por entender que as suas funções "poderiam conflituar se chamado a intervir em algum procedimento preparatório desta eleição interna".
O dirigente socialista refere que torna público esse apoio por "dever de opção e de clareza de todos os militantes do PS". Na publicação, César faz vários elogios ao ex-ministro das Infraestruturas e deixa críticas implícitas a José Luís Carneiro, um dos outros candidatos à liderança do partido.
Pedro Nuno Santos é descrito por César como tendo tido "uma presença ativa e influente constante" no caminho que levou Costa à liderança do PS e do Governo , e, "entre os agora três candidatos, pode dizer-se que é o que esteve e está mais perto da interpretação autêntica desse percurso liderado" pelo atual primeiro-ministro.
O presidente socialista refere que Pedro Nuno "é um líder distintivo e não um apêndice" e "pelo que mostrou e não pelo que escondeu, esteve sempre exposto à crítica e ao elogio e será escolhido pelo que é e não pelo que o querem aparentar ser".
Uma posição que pode ser lida como uma defesa do ex-ministro das Infraestruturas que sempre foi conotado com a ala esquerda do PS e que agira tenta descolar desse rótulo chamando apoios como o de Francisco Assis ou o de Álvaro Beleza, ambos considerados ligados à ala moderada do partido.
Face às acusações do líder do PSD, Luís Montenegro, de que Pedro Nuno é o rosto do "radicalismo" e do "esquerdismo", César defende o ex-ministro que já se classificou de "social-democrata" numa recente entrevista ao colunista do Expresso Daniel Oliveira.
"Somos 'socialistas-democráticos', que é exatamente a mesma coisa que 'social-democratas', diz César que traça uma linha distinta entre PS e PSD. O PS "não se confronta com o atual PSD por ser parecido com ele, mas, pelo contrário, por um e por outro abrirem as portas a caminhos diferentes que não são sobreponíveis no tempo e no País", conclui o dirigente socialista.
Aos que querem um PS moderado, o presidente do partido alerta que este "PSD que temos é dos piores e mais cínicos PSD que já tivemos" e o "PS não pode, por isso, se dissolver no centro ou contemporizar com a direita, nem se confundir à sua esquerda falhando a história dos seus compromissos ideológicos, éticos e internacionais".
Esses foram compromissos que, "apesar de tudo, foram sempre salvaguardados na experiência de governo que fizemos na Legislatura iniciada em 2015" e é por isso que Pedro Nuno é visto por Carlos César "quem oferece melhores garantias".
Apesar dos revezes na relação entre Costa e Pedro Nuno - a revogação do despacho do aeroporto de Lisboa, por exemplo, desautorizando o então ministro -, é no ex-governante que César vê que o partido pode "prosseguir o melhor do trabalho realizado pelos governos de António Costa".
Ao mesmo tempo, o presidente do PS vê que Pedro Nuno pode "saudavelmente", mudar o "que há a mudar e inovando no que há a inovar".
Carlos César elogia José Luís Carneiro considerando que, a par de Pedro Nuno, ambos "desempenharam, prestigiaram o PS e ajudaram o País". Mas o presidente do partido deixa uma farpa a Carneiro referindo que tem "apreciado muito positivamente a palavra de Pedro Nuno Santos: fala o mínimo dos seus concorrentes internos e o máximo do País e dos seus adversários externos".
Em relação a José Luís Carneiro, o presidente socialista mostra-se sibilino e diz ter "pena" que o ministro "esteja a ser sitiado pela euforia apologética da maioria do comentariado e dos dirigentes da direita portuguesa", rematando que não crê "que o quisesse, tanto mais que nenhum desses novos lisonjeadores o quererá, depois, como primeiro-ministro".
Segue-se depois um longo elogio a Pedro Nuno Santos que diz combinar "as competências e a maturidade que a sua militância cívica e os seus cargos de governo lhe proporcionaram com a sua capacidade de liderança e mobilização do PS".
César considera que o PS precisa de "mais determinação, decisão e capacidade realizadora no País" e de "um partido que não se esconda do lugar na esquerda que é seu, afirmando-se como partido dialogante, mas liderante, como um porto de abrigo da confiança dos portugueses nas suas instituições democráticas".
O PS precisa de um líder e de um partido "focado no desenvolvimento harmónico e sempre presente na procura da boa administração de Portugal inteiro, de norte a sul, do interior às regiões autónomas", diz César e "esses desígnios compatibilizam-se melhor com o perfil competencial e a criatividade positiva de Pedro Nuno Santos".
Já esta quinta-feira no programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, Pedro Nuno Santos deixava elogios ao presidente do PS, que, de resto é pai de francisco César, diretor da campanha interna do ex-ministro na corrida à liderança do partido.
Pedro Nuno não revela na entrevista se César se manterá na presidência do partido, mas garante que será o que "bem entender" no PS, tendo "estatuto" e "currículo com resultados" para isso.