O papa Francisco pediu este sábado que a recolha de fundos para as missões da Igreja Católica seja guiada pela espiritualidade, de forma a prevenir a corrupção, noticiou a agência de notícias Associated Press (AP).
O líder da Igreja Católica lançou o apelo num discurso para os diretores nacionais das Obras Missionárias Pontifícias do Vaticano, que recolhem fundos para as missões realizadas em países em desenvolvimento, apoiando concretamente a construção de igrejas e a formação de padres e freiras.
Francisco realçou que a recolha de fundos não pode ser considerada um negócio, devendo ser guiada pelo objetivo de espalhar os Evangelhos.
"Por favor, não reduzam a dinheiro as Obras Missionárias Pontifícias", instou Francisco, frisando que estas são "um meio" que é "maior do que dinheiro".
O papa avisou ainda que, "se faltar espiritualidade e [a recolha de donativos] for apenas um negócio, a corrupção aparecerá de imediato", recordando que têm sido noticiadas "muitas histórias de alegada corrupção em nome da natureza missionária da Igreja".
Segundo a AP, o papa desviou-se do discurso previamente preparado e pareceu fazer referência a uma investigação recente da agência sobre transferências financeiras da filial americana das Obras Missionárias Pontifícias.
Essa investigação revelou que o anterior responsável terá passado 17 milhões de dólares (15,8 milhões de euros) em donativos e doações para um fundo de capital privado, ligado a investimentos agrícolas em África.
O Vaticano garante que está a procurar clarificar o caso da sucursal nos Estados Unidos, que, segundo a AP, parecem ter respaldo legal.
A nova liderança das Obras americanas procedeu à análise legal das transferências e concluiu que estas foram aprovadas de forma coerente com os poderes da administração anterior.
De qualquer forma, substituiu os diretores e funcionários das Obras que aprovaram as transferências, para assegurar que o caso não se volta a repetir.
Em resposta à Investigação da AP, o reverendo Andrew Small, anterior diretor das Obras nos Estados Unidos -- e que é agora o "número dois" do conselho consultivo para proteção das crianças criado para dar resposta aos abusos sexuais na Igreja --, defendeu as transferências como consistentes com a missão da organização e da Igreja.