As expetativas são praticamente nulas. A COP26, que decorre em Glasgow, na Escócia, até 12 novembro, não trará nada de novo em termos de combate às alterações climáticas.
“Apesar dos papeis assinados, as emissões vão continuar a aumentar”, diz Carolina Falcato, do coletivo ativista Climáximo, argumentando que “ao fim de tantas cimeiras realizadas e da assinatura do acordo de Paris, nada mudou”.
A mesma perspetiva é partilhada à Renascença por Sinan Eden, porta-voz da plataforma Salvar o Clima.
“Não é especulação. É assunto testado ao longo de décadas. Nós sabemos que soluções não vêm”, afirma, acrescentando que, a acontecerem, “das empresas e dos governos só irão existir por pressão dos movimentos sociais e da sociedade civil”.
A ativista Carolina Falcato do Climáximo denuncia também “a influência na União Europeia de seis petrolíferas e cinco das suas associações empresariais de lobbying, desde a assinatura do Acordo de Paris”, apontando ao relatório apresentado esta semana que “encontrou 71 casos de portas giratórias e 568 reuniões com dirigentes da Comissão Europeia (1,5 reuniões por semana, durante sete anos).
Quando questionada sobre o que seriam bons resultados na COP26, Carolina Falcato refere “a eliminação do lobbying de empresas de combustíveis fósseis, planos concretos para limitar o aquecimento a 1,5ºC, e o que significa zero emissões por todos os setores até 2030, pelos países do Norte Global que têm responsabilidade histórica e têm capacidade de mudança que, talvez, países do Sul Global não tenham”.
Além disso, defende também “um plano de financiamento para a mitigação nos países Sul Global, pago pelos países do Norte Global compatível com esta trajetória de 1,5ºC”.
Ações de protesto em defesa do clima
Para domingo, dia 7 de novembro, a meio da cimeira, foi convocado um dia global de ação, pela coligação das organizações baseadas no Reino Unido, que estão a preparar a intervenção dos movimentos sociais durante a COP26.
Em Portugal, organizações da sociedade civil convocaram uma marcha em Lisboa, no âmbito da plataforma Salvar o Clima, que tem organizado as marchas do clima desde 2016. A marcha vai começar às 15h00, em Martim Moniz, e vai percorrer a Avenida Almirante Reis, para acabar com uma concentração na Alameda.
“A convocatória é internacional e tem três grandes blocos de reivindicações: limitar o aquecimento a 1,5ºC, a transição justa, uma transição energética liderada pelos trabalhadores, e o terceiro bloco tem a ver com a justiça global, no sentido da distribuição das responsabilidades da crise climática e das soluções entre países Sul Global e Norte Global”, explica Sinan Eden.
Já em comunicado, os organizadores da Marcha Mundial pela Justiça Climática afirmam que “a justiça não nos será dada pelos líderes mundiais, nem entregue pelas corporações. Apenas nós podemos imaginar e construir o futuro que funciona para toda a gente”.
Para o dia 18 de novembro está marcado um outro protesto denominado "Vamos Juntas!" - que promete bloquear a Refinaria da Galp, em Sines, a “infraestrutura com maiores emissões em Portugal”.
“Vamos reivindicar o encerramento planeado da refinaria, que garanta uma transição justa para os trabalhadores. E estas reivindicações também vêm acompanhadas de uma outra, que é a democracia energética, ou seja, não se quer uma deslocação destes trabalhadores que estão em Sines, quer-se que tenham formação para outros empregos verdes ou empregos para o clima”, adianta à Renascença Carolina Falcato.