O primeiro-ministro, António Costa, disse esta quinta-feira, no Funchal, que os lesados do Banif confiaram num sistema que os aldrabou e reafirmou que há vontade política do Governo em resolver a situação.
"Há vontade política de responder a uma situação gravíssima, que é um conjunto de pessoas honestas que fizeram confiança num sistema que as aldrabou, como é evidente", disse o primeiro-ministro.
António Costa deslocou-se à Madeira na qualidade de secretário-geral do PS para participar na apresentação da coligação Confiança (PS, JPP, BE, PDR e Nós Cidadãos) à Câmara do Funchal, que decorreu no Largo do Município, onde se deparou com uma manifestação de lesados do Banif.
"Eu percebo obviamente a ansiedade das pessoas. A ansiedade dos lesados do Banif não é menor do que a ansiedade dos lesados do outro processo (BES). A situação está é ainda numa fase processual distinta", afirmou, realçando que até ao momento não há nenhuma decisão da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nem qualquer recomendação da Assembleia da República sobre o caso.
O primeiro-ministro, que esteve a conversar com o presidente da Associação de Lesados do Banif, Jacinto Silva, disse que o Governo tentou mediar uma solução de entendimento entre as partes, que não foi possível.
"Mas num regime onde há separação de poderes, o Governo não se pode substituir às instâncias próprias que têm competência para tomar estas decisões", vincou Costa, realçando que o executivo está a "aguardar que haja estes passos".
A CMVM está a analisar mais de 800 queixas apresentadas pelos lesados do Banif, ao passo que na Assembleia da República foi apresentada uma petição pelos mesmos.
O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em Dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a actividade bancária que o comprador não adquiriu.
Neste processo, cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados, em grande parte oriundos da Região Autónoma da Madeira, perderam 263 milhões de euros.