O social-democrata David Justino falava aos jornalistas à saída do 23.º Congresso dos socialistas que terminou hoje em Portimão, depois de ter ouvido António Costa, que afirmou que o seu partido sai desta reunião magna unido, com paz de espírito no plano interno e mobilizado para "acabar com a pandemia" e promover a recuperação.
"Falou-se muito de uma paz fria. Eu acho que o problema que ressaltou deste congresso é que há uma paz contida ou seja, nem é fria nem é quente, ela está anunciada, está prenunciada mas fica para o próximo. Enquanto António Costa liderar o partido penso que essas pretensões irão conter-se", considerou.
Classificando a reunião magna dos socialistas como um "congresso dos sucessores", orientado para "saber quem é que está na porta de substituição" de António Costa, Justino lamentou não ter ouvido no discurso final do secretário-geral socialista referências a riqueza e crescimento económico.
"O que eu não ouvi e gostava de ter ouvido, porque é bom para o país, é como nós vamos crescer, como é que nós vamos criar riqueza, como é que nós vamos desenvolver o país", referiu.
Justino referiu que os empresários "foram sempre evocados pelas más razoes", lamentando que estes não tenham ouvido uma palavra de apelo.
"Ao custo de poder engajar os seus parceiros à esquerda está a transformar os empresários portugueses numa espécie de vilões que, no fundo, andam só a fazer mal", criticou.
Para o dirigente social-democrata, a parte final da intervenção do primeiro-ministro "foi digamos que o iniciar de uma agenda de negociação com os seus parceiros à esquerda, visando o Orçamento geral do Estado", considerando "evidente" que os socialistas estão "amarrados à esquerda".
O vice "laranja" disse ainda que o PSD nunca se arredou de qualquer entendimento com o PS, pelo contrário.
"O senhor primeiro-ministro e atual secretário-geral do PS já há um ano e tal que afastou qualquer entendimento e, portanto, não creio que haja qualquer novidade relativamente a isso, nem nós estávamos à espera que houvesse", aditou.
No discurso de encerramento do Congresso de Portimão, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro anunciou que o Governo vai aumentar e alargar os abonos destinados às famílias para incentivar a natalidade e para combater a situação de crianças pobres ou em risco de pobreza.
António Costa prometeu também alargar os apoios aos jovens para promover a sua autonomia, desde logo no plano da fiscalidade, e alterar a legislação laboral para desincentivar a precariedade e combater abusos.