O ministro das Infraestruturas e da Habitação disse esta terça-feira que o aeroporto de Lisboa poderá ter de recusar voos no próximo ano, com a recuperação do turismo, apelando a um consenso alargado sobre a construção do novo aeroporto.
“Este ano, recusar voos ainda não. No próximo ano muito provavelmente atingiremos, esperamos nós, o melhor ano de sempre, que foi antes da pandemia, e aí começaremos novamente a ter problemas de recusa de voos”, disse Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas à margem da colocação da primeira pedra de construção de 70 fogos para realojamento e quatro espaços comerciais no Bairro Padre Cruz, ao lado do presidente da câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Pedro Nuno Santos, que indicou que “nos próximos dias” o Governo dará “mais informação sobre o aeroporto”, admitiu que as perturbações esperadas para o próximo ano serão agravadas, uma vez que já se sentem desde maio “de circulação, de fluidez e tempos de espera.
“Temos um problema que é estrutural, com um aeroporto que está esgotado e que precisa de uma resposta”, defendeu mais uma vez, considerando ser necessário que o país seja capaz de conseguir um consenso alargado para a sua concretização, de forma a assegurar que cada vez que muda um governo ou um ministro “não andamos para trás”.
Para Pedro Nuno Santos, “é importante trabalharmos nesse consenso, numa boa solução”.
Quando questionado sobre as longas filas de espera no aeroporto de Lisboa, o governante vincou que “o Ministério da Administração Interna já apresentou um plano de contingência, que vai estar em execução na sua plenitude a partir do início do mês de julho e esperamos que desse ponto de vista das filas ajude alguma coisa”.
Também Carlos Moedas voltou a defender que “Lisboa precisa de um novo aeroporto”.
“Temos de ter esse novo aeroporto. Esse novo aeroporto depende de uma escolha que é feita técnica e não política. Estaremos do lado da solução da construção do novo aeroporto. Essa é a decisão política: não deixar passar mais dez anos sem decidirmos. Temos de decidir”, disse.
Os tempos de espera na área das chegadas do aeroporto de Lisboa ultrapassaram no domingo as três horas, devido à “insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento”, disse a ANA Aeroportos.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) esclareceu esta segunda-feira que no domingo ocorreu no aeroporto de Lisboa um pico de passageiros nas chegadas, provenientes de cerca de 3.000 voos, o que provocou "demoras acentuadas no controlo de fronteira".
A inspetora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) Ana Vieira também frisou que as longas filas de espera no aeroporto de Lisboa refletem o aumento exponencial do turismo e uma infraestrutura desadequada para o número de passageiros.
"Muito honestamente, não estávamos preparados para este aumento exponencial de turismo e de passageiros, e a própria infraestrutura, como o senhor ministro da Administração Interna já disse, também não está adequada a esta realidade", disse a inspetora Ana Vieira em declarações aos jornalistas no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, na sequência de várias notícias que dão conta de longas filas e de horas de espera para os passageiros que chegam a Lisboa.
Em relação ao novo aeroporto de Lisboa, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) adjudicou em 08 de abril ao consórcio COBA/Ineco a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), tenho hoje o presidente do IMT esclarecido no parlamento que “o contrato ainda não foi assinado”.
Segundo a informação divulgada pelo IMT e noticiada pela Lusa no início deste mês o consórcio vencedor, constituído pela portuguesa COBA - Consultores de Engenharia e Ambiente e pela Ineco, detida em 51% pelo Estado espanhol, apresentou uma proposta no valor de 1.999.980 euros.
A concurso estavam ainda a PricewaterhouseCoopers - Assessoria de Gestão e a Quadrante - Engenharia e Consultoria (2.295.000 euros), a Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva, a Ernst & Young, Over Arup & Partners, SAU, Leadin Aviation Consulting e a Ramboll Iberia (2.000.000 milhões de euros) e o IDAD - Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, TIS PT - Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, FUNDEC - Associação para a Formação e o Desenvolvimento em Engenharia Civil e Arquitetura e a Senerengivia - Consultores de Engenharia (1.996.882 euros).