O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, deseja que a missão portuguesa aos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 seja vacinada, quanto antes, considerando que a demora cria "insegurança" entre os atletas e restante comitiva.
"Falamos de uma missão nacional, um número que não deve ultrapassar as 150 pessoas, incluindo atletas, juízes, dirigentes. Uma missão olímpica nacional tem responsabilidades públicas que carecem de ser protegidas. Eu espero que as autoridades de saúde compreendam, entendam e respeitem isso e possamos rapidamente arrumar este assunto", vincou Constantino, em declarações à Lusa.
Os "sucessivos apelos e cartas" enviados aos responsáveis da saúde - ministério e Direção-Geral da Saúde (DGS) - tiveram reposta na segunda-feira, com o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, a ligar ao líder do COP a garantir-lhe que toda a missão portuguesa será imunizada, como recomenda a organização dos Jogos Olímpicos.
Constantino, que só conhecerá os "timings" e detalhes de ação após ser contactado pelo coordenador do plano de vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, recorda que na atual missão já houve "cerca de 20 infetados que tiveram de alterar o processo de treino e preparação desportiva", sujeitos aos efeitos que também já prejudicaram treinadores e dirigentes.
O presidente do COP defende que a imunização do grupo previsto para Tóquio 2020 "seria um fator de confiança, segurança e estabilidade emocional" para toda a equipa, sobretudo os desportistas, de quem se espera a conquista de duas medalhas e 12 diplomas, ou seja, classificações até ao oitavo lugar.
"Quero apenas que o problema se resolva, missão e atletas. Que os que vão representar Portugal o possam fazer com os níveis e medidas de segurança ao nosso alcance, entre outros o de serem vacinados", disse o dirigente, que tem recebido insistentes relatos de "insegurança, ansiedade e desconforto" de diversos elementos, alguns dos quais do conhecimento público.
José Manuel Constantino insiste que "urge resolver este processo, o mais rapidamente possível", de forma a não colocar em causa a preparação dos já apurados, nem lesar o desempenho daqueles que ainda procuram a qualificação.
"Há vacinas em que a reação orgânica pode pôr em causa a própria preparação, a pessoa não reage bem ao processo vacinado", ilustrou.
Vários estudos internacionais, inclusivamente divulgados pelos especialistas clínicos do COP, desaconselham que a última toma da vacina ocorra num período inferior a três semanas da viagem para o Japão, mais um dado que o dirigente diz que deve ser tido em conta.
"Se for toma única, a solução é uma. Se for dupla, é outra. Vinte e três dias antes tem de estar tudo vacinado para se perceber se há ou não condicionantes fisiológicas e orgânicas na adaptação ao processo", acautelou.
A importância e excecionalidade de um evento como os Jogos Olímpicos levou mesmo o líder do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, a escrever ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pedindo-lhe que intercedesse junto do Governo, que é quem tem o monopólio da vacinação em Portugal.
O presidente do COP ressalvou que não pretende que esta imunização "prejudique outros grupos de risco, com tanta legitimidade, direitos e prioridade", cabendo ao Estado essa gestão, tendo em conta uma análise a essas diversas situações.