A reconstrução das casas afetadas pelo incêndio de há um ano em Monchique está ainda por concluir. Das 51 habitações afetadas apenas uma iniciou obras de reabilitação e nenhuma foi reconstruída.
“O grande problema da região do Algarve é que não temos empresas para fazer os trabalhos e aqui em Monchique, concretamente, temos, neste momento, obras que estão paradas exatamente porque não têm empreiteiros que as queiram fazer”, adiantou à Renascença o presidente da Câmara de Monchique.
“O segundo problema tem a ver com a necessidade de as pessoas fazerem um procedimento administrativo para legalização das construções. Nós só assinamos este protocolo em dezembro de 2018 e só começamos a trabalhar mais afincadamente nestes processos a seguir à assinatura do protocolo”, acrescenta o autarca Algarvio.
Das 51 candidaturas ao apoio, no âmbito do programa Porta de Entrada, gerido pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), 16 foram excluídas. Seis por “não apresentarem os documentos solicitados”, quatro porque não garantiram as condições de elegibilidade por se tratarem de segundas habitações, cinco tinham seguro e uma por morte da proprietária.
“Os casos arrendatários estão todos resolvidos, as pessoas já estão a viver noutras casas alugadas pagas através deste programa [Porta de Entrada]“, garante Rui André.
O autarca de Monchique adianta que sete processos estão contratualizados com o IHRU, através do apoio ao arrendamento, e dois na modalidade de aquisição. No entanto, há seis casos num impasse porque os arrendatários não concordam com as regras propostas pelo mesmo instituto.
“Estas seis situações são as que apresentam maior problema para mim e são aquelas que exigem um trabalho mais próximo com o Governo. Isto implicará, certamente, uma alteração das regras do jogo, portanto desta portaria”, esclarece.
A 3 de agosto de 2018 arderam cerca de 27 mil hectares de terreno na Serra de Monchique, naquele que foi o maior incêndio da Europa, no mesmo ano. Foram necessários mais de 1300 operacionais para dominar o fogo, que lavrou durante sete dias.
Esta sexta-feira a Renascença publica uma reportagem que marca um ano dos incêndios de Monchique, onde há ainda pessoas desalojadas e uma serra que só agora começa a recuperar a cor.