"Não me vou demitir." A garantia foi deixada por Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira (PSD), e um dos visados na investigação da PJ que esta quarta-feira levou a cabo mais de 100 buscas em todo o país. “Nunca na vida tive um caso de corrupção e nunca vou ter. A mim ninguém me compra”, afirmou em declarações aos jornalistas, sublinhando estar de "consciência tranquila".
Minutos depois, foi Luís Montenegro quem falou. Para o líder do PSD, "do ponto de vista político nada mudou", escusando-se a dizer se Albuquerque devia demitir-se. No entanto, sublinhou que "ninguém está acima da lei" e que a justiça deve ser célere.
“Não estou a desvalorizar nem estou a desresponsabilizar”, ressalvou o líder social-democrata, admitindo que “há esclarecimento que têm de ser dados” às autoridades sobre o caso.
“Uma situação de inquérito não diminui os direitos de ninguém”
Miguel Albuquerque não quis clarificar se já foi constituído arguido, mas deixou a garantia de que se o for não se demitirá.
“Uma situação de inquérito não diminui os direitos de ninguém”, afirmou o dirigente madeirense, realçando ter o direito de "não ser suspeito eternamente".
O líder madeirense deixou também indicações relativamente aos negócios que estão a ser investigados. Trata-se da abertura de concurso para o transportes urbanos e interurbanos da região, o licenciamento da Praia formosa e a construção do teleférico do Curral das Freiras. Albuquerque negou que a venda da Quinta do Barco esteja incluída na operação.
Albuquerque assegurou que está a colaborar com a investigação. “O governo regional e eu próprio estamos a colaborar de forma ativa e consistente para fornecer todos os elementos necessários”, afirmou.
IL e Chega pedem a Montenegro para tomar posição
Ao longo do dia, diversas forças políticas pronunciaram-se sobre esta operação da PJ.
Para André Ventura, “é importante saber se [o líder social democrata] Luís Montenegro vai manter a sua confiança em Miguel Albuquerque”. O dirigente do Chega alega que não é possível concordar com a demissão de António Costa, que abandonou o cargo depois de saber que estava a ser investigado pelo Ministério Público, e “ter outra bitola para o Governo Regional”.
“Temos que hoje dizer as mesmas coisas sobre Miguel Albuquerque que dissemos sobre António Costa, que quem está à frente do governo não pode estar sob suspeita de crimes graves como corrupção", afirmou Ventura aos jornalistas.
Tal como André Ventura, o dirigente da Iniciativa Liberal , Rui Rocha, colocou pressão sobre o presidente do PSD, Luís Montenegro: se o atual presidente da região autónoma não for capaz de dar explicações e insistir em continuar no exercício de funções “cabe ao presidente do PSD dizer qual é o seu posicionamento”.
Para o liberal, “as questões de confiança estão a ser degradadas” e se Miguel Albuquerque não for capaz de justificar o seu envolvimento no processo então “não existem condições para continuar”.
PS Madeira exige esclarecimento de suspeitas de "particular gravidade"
Reagindo à operação de buscas numa nota enviada pelo partido, o líder dos socialistas da Madeira afirmou que "as suspeitas levantadas assumem particular gravidade".
Paulo Cafôfo indica ainda que aguarda "o decurso da investigação", confiante de que "a justiça apurará a verdade dos factos".
"É com grande preocupação que assistimos às buscas em curso que visam o presidente do Governo Regional e o presidente da Câmara Municipal do Funchal", lê-se na mesma nota.
A operação lançada esta quarta-feira pelo Ministério Público por suspeitas de corrupção e tráfico de influência já levou à detenção de três pessoas, entre elas o autarca do Funchal, Pedro Calado.