O arcebispo de Braga alertou para o “drama da eutanásia” e criticou as tentativas de a legalizar em Portugal.
“Aparentemente trata-se de um ato de compaixão. Mas se olharmos para os países onde este ato é praticado, descobriremos uma verdade oculta. A eutanásia é também praticada em doentes mentais, assim como em pacientes que sofrem depressão ou ansiedade. Fará sentido? Quais os limites para a eutanásia?”, questionou, na homilia da celebração de Sexta-feira Santa, que evoca a morte de Jesus.
Na intervenção, D. Jorge Ortiga destacou o significado da Cruz, motivo de “escândalo” e de divisão entre quem procura o caminho da ressurreição e quem não o faz.
“Que as chagas abertas de Cristo, no dia em que fazemos memória da sua morte, toque o coração dos intervenientes políticos, das instituições sociais e de saúde, bem como das comunidades cristãs, e nos ajude a sermos sinais de esperança numa cultura dominada pela morte”, desejou.
O arcebispo primaz convidou a rejeitar o “muro da indiferença generalizada” e a ver na vida “um valor inegociável”.
“Basta que nos recordemos das mortes decorrentes das Guerras Mundiais, das ideologias autoritárias, das perseguições. Também Jesus foi uma vítima inocente da política e da religião. Qual é o preço de uma vida?”, interpelou.
O responsável apontou o dedo ao que considerou “imaturidade democrática”, que leva a não respeitar tradições religiosas.
“Não é por acaso que determinadas ideologias políticas, sob a capa de uma aparente inclusão, ordenaram a retirada dos crucifixos das escolas e edifícios públicos. Persiste a incapacidade de distinguir entre a saudável laicidade do Estado e a perversa ideologia do laicismo”, observou.