O Centro Hospital Universitário de Lisboa Norte (CHULN) vai fazer uma auditoria interna ao caso das gémeas luso-brasileiras que receberam tratamento no Hospital de Santa Maria, alegadamente por influência do Presidente da República.
Em comunicado enviado às redações, o CHULN indica que vai "dar início a uma auditoria interna para aferir sobre os procedimentos que foram realizados antes e durante o tratamento para a Atrofia Medular Espinhal administrado a duas gémeas em 2020 e que foi alvo de reportagem na comunicação social".
Paralelamente, sublinha a administração hospitalar, "está a decorrer uma ação da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGASS) sobre o mesmo caso".
"Até ao término destes procedimentos, o CHULN não fará qualquer comentário adicional sobre o tema", é adiantado no mesmo documento.
Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na passada sexta-feira, segundo a qual duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo – para a atrofia muscular espinhal, que totalizou quatro milhões de euros.
Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.
O Presidente da República negou, no domingo, que tivesse intercedido junto do Hospital de Santa Maria ou de qualquer outra entidade, para que as duas pudessem beneficiar de tratamentos no Serviço Nacional de Saúde.
“Eu ontem [sábado] disse que não tinha feito isso. Não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra [da Saúde], não falei ao secretário de Estado, não falei ao diretor-geral, não falei à presidente do hospital, nem ao conselho de administração nem aos médicos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
Segundo o chefe de Estado, o que está em causa é saber “se interferiu, ou não interferiu, isto é, se pediu um empenho, pediu uma cunha para que sucedesse uma determinada solução favorável a uma pretensão de duas crianças gémeas doentes”.
“Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Diz-se, consta, parece que sim, parece que, parece que havia família [do Presidente] que estava empenhada, por amizade, nisso. Mas ninguém em relação ao Presidente. E só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita, não é Presidente”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo disse, o Presidente da República não pode estar sujeito a uma “suspeição de que interfere em decisões da cadeia administrativa, ordenando, recomendando, pedindo, metendo uma cunha para ninguém, muito menos aquilo que possa ser mais próximo de amigos de conhecidos”.
[atualizado às 16h43]