O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, espera que o momento da saída de Graça Freitas da Direção Geral da Saúde (DGS) seja aproveitado para “finalmente, se fazer uma reforma da saúde pública que está há mais de dez anos no papel e já vai na terceira comissão para desenvolver esse trabalho.
"Espero que o próximo diretor-geral seja um médico de saúde pública que possa levar adiante essa tão importante reforma, retirando das autoridades de saúde muito trabalho burocrático e dando-lhes poderes efetivos na saúde pública, valorizando do seu trabalho”, diz Roque da Cunha à Renascença.
Para o médico e dirigente sindical, "neste que é um tempo de alguma indefinição, já que há tarefas que vão ser esvaziadas da DGS, é essencial que se encontre alguém com capacidade de liderança, um médico de saúde pública que possa fazer com que a saúde pública importe verdadeiramente no nosso país e que não seja um parente pobre, ou algo de pouca importância”.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, termina o mandato a 31 de dezembro e já pediu ao Governo para não ser reconduzida nestas mesmas funções, de acordo com uma nota emitida pelo Ministério da Saúde.
Segundo uma nota do Ministério tutelado por Manuel Pizarro, enviada à Agência Lusa, a designação do futuro titular do cargo de Diretor-Geral da Saúde “seguirá a tramitação legal, em obediência às regras de recrutamento, seleção e provimento dos cargos de direção superior da Administração Pública”.
Em relação ao balanço do trabalho realizado por Graça Freitas o secretário-geral do SIM entende que, apesar das difíceis circunstâncias, foram tomadas as medidas genericamente adequadas: "É uma pessoa honesta e, numa situação complicada de pandemia, respondeu de uma forma adequada e desejamos-lhe toda a sorte."
"Foi uma tarefa difícil pessoal e, tecnicamente, com uma pandemia muito grave e generalizada. Na altura, tivemos oportunidade de criticar em alguns aspetos, porque, muitas vezes, a questão técnica era suplantada pela intervenção política por parte da anterior titular o do Ministério da Saúde. Achámos que, muitas vezes, desvalorizava o papel fundamental das autoridades de saúde, mas naturalmente que terá feito o seu melhor."
"Criticamos o facto de quase não termos aprendido nada com a pandemia. Neste momento, os instrumentos que o país tem para responder a uma pandemia são praticamente os mesmos que tinha antes. São praticamente nenhuns, em termos de planeamento”, alega.
Graça Freitas assumiu a liderança da DGS em 2018, ano em que substituiu Francisco George.remata Jorge Roque da Cunha.