Durante anos, a perspectiva de aderir à UE levou a Turquia a tomar medidas no sentido do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades. Reforçou-se então a possibilidade de um país de maioria muçulmana se tornar democrático. Mas, depois, a UE praticamente fechou a porta aos turcos.
Entretanto, e em parte por causa da frieza europeia, o primeiro-ministro turco Erdogan, agora presidente da República, inverteu a tendência democratizadora e pró-europeia. Na Turquia, a liberdade de expressão foi progressivamente limitada, a independência do poder judicial tornou-se uma ficção e o Estado, outrora laico, islamiza-se cada vez mais.
Ora, no passado domingo a UE entreabriu a porta a retomar negociações com vista à adesão da Turquia, além de dar aos turcos três mil milhões de euros para eles reterem os refugiados no seu território. A UE precisa desesperadamente da cooperação turca para travar a onda de refugiados. E, com a Rússia a impor-lhe sanções económicas por causa do jacto abatido, a Turquia precisa de se reaproximar da Europa comunitária. É a “realpolik”.