A religião pode ser “parte da solução” no conflito em Cabo Delgado. Foi com esta convicção que os representantes das principais religiões presentes naquela Província moçambicana se reuniram em dezembro. Inspirados pela declaração de Abu Dhabi sobre a ‘Fraternidade Humana’ - assinada em 2019 pelo Papa Francisco e pelo imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib -, elaboraram um documento conjunto, que inclui 15 pontos de compromisso e ação.
Os líderes religiosos começam por manifestar o seu “unânime repúdio” pelos atos “terroristas e extremistas, sublinhando que querem trabalhar pelo “verdadeiro sentido da religião”, para que não seja considerada “causa de qualquer conflito, em particular a religião islâmica, a mais afetada pelos preconceitos”, sublinham. Rejeitam mesmo, logo no ponto seguinte, que “sejam atribuídos os atos terroristas à religião muçulmana” ou que “se associe tais atos aos princípios do islão”.
A declaração prossegue com o reafirmar do compromisso conjunto em “prol da paz duradoura”. Garantem que vão estar na “linha da frente” para evitar que mais adolescentes e jovens adiram “ao extremismo e a quaisquer tipos de violência”, e querem acolher e ajudar a “reabilitar” todos os que foram vítimas de violência.
No último ponto os líderes religiosos comprometem-se a “colaborar sempre com o governo” e com as instituições e organizações que procuram manter a paz em Cabo Delgado.
A ‘Declaração Inter-religiosa de Pemba’ tem a data de 3 de janeiro de 2022, e é assinada por sete líderes religiosos da província de Cabo Delgado, entre os quais o sheikh Nzé Assuate, do Conselho Islâmico de Moçambique, o sheikh Vitorino Promoja, da União de Jovens Muçulmanos, o bispo católico de Pemba, D. António Juliasse Sandramo, e o pastor Alberto Sabão, do Conselho Cristão de Moçambique.