O cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising, anuncia, numa carta enviada ao Papa Francisco, a sua renúncia, por "falhas no âmbito pessoal" e "erros institucionais e sistemáticos" relacionados com a crise de abuso de menores na Alemanha.
Marx, que integra o grupo de cardeais conselheiros do Papa Francisco e que presidiu à conferência episcopal alemã até 2020, reconhece que, face à actual crise instalada no seio da Igreja alemã, lhe parece terem chegado "a um 'beco sem saída'”.
Na carta, assinada a 21 de maio e publicada esta sexta-feira em várias línguas, o cardeal refere-se a "investigações" e "perícias" realizadas nos últimos dez anos que revelam “erros pessoais e administrativos”. E assume a sua “corresponsabilidade” e “concomitância da culpa da instituição pela catástrofe dos abusos sexuais perpetrados pelos representantes da Igreja nas últimas décadas”.
Um comunicado da arquidiocese alemã, publicado on-line no site oficial, informa que o Papa autorizou a publicação da carta ”e que o purpurado continua o seu serviço episcopal até que uma decisão seja tomada”.
Nesta carta, o cardeal recorda os seus 42 anos como sacerdote e 25 como bispo e que, à luz desta longa experiência, sente dolorosamente o “quanto caiu a estima pelos bispos no meio eclesiástico e secular. De facto, provavelmente atingiu seu ponto mais baixo”. Para Marx, “não basta responsabilizar-se e reagir apenas quando, com base em documentação diversa, é possível identificar os responsáveis com os seus erros e omissões, mas é necessário esclarecer que nós, como bispos, também assumimos a responsabilidade pela Igreja como um todo”.
No ano passado, o cardeal Marx criou na sua diocese a fundação “Spes et Salus”, encarregada de oferecer “cura e reconciliação” a todas as vítimas de violência sexual e doou a maior parte de seu património privado a esta Fundação.