Centenas de especialistas, de todo o mundo, estão reunidos em Lisboa para discutirem o que de mais recente há no tratamento e investigação do cancro do pâncreas, que é cada vez mais frequente e já é a quinta causa de mortalidade por cancro em Portugal.
Carlos Carvalho, da Fundação Champalimaud, que organiza o encontro, diz que está em causa um tumor difícil de diagnosticar, muito agressivo, mas que, quando é detetado precocemente, é cada vez menos uma sentença de morte.
De acordo com o diretor da Unidade Multidisciplinar de Cancro Digestivo, “nos últimos anos tem havido avanços importantes. Hoje é possível, com tratamentos, sobretudo de quimioterapia e cirurgia, oferecer a um grupo cada vez maior de doentes um tempo de vida bastante grande e até a cura da doença”.
“Embora o cancro do pâncreas seja dos cancros com maior mortalidade, há uma percentagem significativa de doentes que sobrevive. Nos casos em que há condições para cirurgia, há uma taxa de sobrevida de cerca de 40% dos doentes aos cinco anos. Isto quer dizer que caminhamos para um número em que metade dos doentes operados podem ficar curados da doença”, conclui Carlos Carvalho.
Mas, infelizmente, “a percentagem não é tão alta comos gostaríamos porque é uma doença muito agressiva, resistente a muitos tratamentos e a maior parte dos diagnósticos surge numa fase avançada, já com metástases, quando já não é possível fazer cirurgia e, portanto, a sobrevivência é muito menor”, explica.
Quais são os fatores de risco?
Também não há forma de fazer um rastreio de população como é habitual, por exemplo, para o cancro da mama, do colo do útero ou do intestino. Não há um teste que possa ser generalizado, para detetar precocemente tumores no pâncreas, mas a ciência está a dar passos largos nesse sentido.
“Há esperança de que comecem a aparecer testes, utilizando genética molecular, utilizando o DNA ou outras substâncias que estão no sangue, e tentar detetar mais precocemente a doença, encontrando alguns sinais, alguns fragmentos do tumor que possam estar em circulação”, refere o diretor da Unidade Multidisciplinar de Cancro Digestivo.
Esses testes, garante o médico, “estão atualmente a ser desenvolvidos e espera-se que, tal como noutros tumores, também no pâncreas comece a ser possível fazer o diagnóstico mais precoce da doença”.
Enquanto não há testes, há formas de prevenir a doença ou, pelo menos, de reduzir os fatores de risco que estão bem identificados. “Hoje sabemos que há uma associação muito grande entre o tumor do pâncreas e o tabaco, álcool e obesidade. Estes são os três fatores, associados à doença, que podemos modificar”, sublinha Carlos Carvalho.
O Congresso Internacional do Cancro do Pâncreas decorre até sábado, na Fundação Champalimaud.