Arranca esta terça-feira, no Vaticano, o julgamento do cardeal Angelo Becciu por crimes relacionados com a venda de um edifício em Londres. É suspeito de peculato, abuso de poder também em regime de concorrência, bem como por suborno.
Além do cardeal e de outras nove pessoas, o tribunal do Vaticano ordenou ainda a citação para julgamento de quatro empresas.
Este é já o maior julgamento criminal na história da Santa Sé, e poderá mesmo ser um ponto de viragem no funcionamento das finanças do Vaticano. Há vários anos que decorrem tentativas de reformar as finanças da Igreja, mas o percurso tem sido difícil e marcado por escândalos e casos de polícia.
Os arguidos são acusados dos crimes de abuso de poder, extorsão, branqueamento de capitais, fraude, falsa escritura pública e privada, violação do sigilo do cargo e peculato.
O processo, que deve durar vários meses, será realizado numa sala especialmente preparada para a ocasião, nos museus do Vaticano. Um grupo limitado de jornalistas poderá acompanhar as sessões.
A primeira sessão será dedicada a questões técnicas, baseadas na complexa acusação de 500 páginas, fruto de dois anos de investigação.
O cardeal Angelo Becciu foi substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, entre 2011 e 2018, um dos cargos mais influentes da Cúria Romana, e um conselheiro muito próximo do Papa Francisco.
O cardeal anunciou, em setembro do ano passado, a renúncia ao cargo na Cúria Romana e aos “direitos ligados ao cardinalato”, sem adiantar os motivos da decisão.
Becciu negou ter desviado verbas da Santa Sé, em particular do chamado ‘Óbolo de São Pedro’, o fundo da caridade do Papa, justificando os investimentos na capital de Inglaterra com a necessidade de fazer “crescer” um fundo próprio da Secretaria de Estado do Vaticano.
[Notícia atualilzada às 17h41]