O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal lamenta a saída da embaixadora do seu país em Lisboa, Inna Ohnivets.
"Nós temos muita pena que tenha sido tomada esta decisão porque achamos que a senhora embaixadora fazia um muito bom trabalho para a comunidade ucraniana, para a Ucrânia em geral", disse Pavlo Sadokha, em declarações à Renascença.
Sadokha diz que não vê motivos para a Ucrânia estar insatisfeita com o trabalho de Inna Ohnivets e acredita que seja "uma decisão normal de rotação dos diplomatas ucranianos, porque ela já ultrapassou o termo de quatro anos."
"Sempre foi uma profissional, sempre foi muito eficaz a defender a Ucrânia e a ajudar a comunidade ucraniana em Portugal", garante o responsável da associação.
Questionado sobre se tem informação acerca de quem irá substituir a embaixadora no cargo, Sadokha diz que não sabe. "Fizemos alguns contactos com a Ucrânia, com a nossa representação no Congresso Mundial dos Ucranianos em Kiev, e eles também não sabem, a decisão é do presidente da Ucrânia", diz à Renascença.
Sobre eventuais atrasos com processos de refugiados devido a esta mudança, Pavlo diz que não espera que isso aconteça, já que "quem está a tratar o assunto de acolhimento dos refugiados é o Governo português, não é a embaixada".
Ainda assim, a embaixadora da Ucrânia teve um papel muito ativo no
processo desde o início da guerra. Pavlo Sadokha refere que a diplomata
ucraniana, "desde o dia 24 e fevereiro, nem dormia, e sempre estava com
todos".
Associação de Refugiados Ucranianos satisfeita com saída. Embaixadora estava "há muito tempo" no lugar
Já a Associação de Refugiados Ucranianos em Portugal (UAPT, na sigla em inglês), manifestou-se hoje satisfeita com a saída da embaixadora, que considera estar "há muito tempo" no lugar.
Para Roman Kurtysh responsável da Associação Ukrainian Refugees (UAPT), a embaixadora Inna Ohnivets, que foi nomeada para o cargo ainda pelo Presidente Petro Poroshenko, antecessor de Volodymyr Zelensky, "está a tomar este lugar há muito tempo".
"E, como sabemos, quando uma pessoa começa a ter muito poder, começa a gerir como ela acha melhor", afirmou à Lusa.
Segundo o dirigente da UAPT, "muitas associações" de ucranianos já estavam cansadas da diplomata e tinham apresentado várias queixas, mesmo a Kiev, afirmou. Mas estas só agora tiveram eco.
"Muitas associações já estavam cansadas. E até abrimos uma petição
pública. E antes de eu ter entrado na atividade pública, outras associações já
tinha feito vários pedidos e enviado várias reclamações para Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Ucrânia. Mas nunca conseguiram atingir o
resultado", prosseguiu. "Finalmente conseguimos atingir".
"Agora, o povo ucraniano em Portugal, vai estar sempre em cima e a
controlar aquilo que se passa, porque achamos que podem e devem fazer muito
mais do que aquilo que fazem os políticos", salientou.
Segundo Roman Kurtysh, "há muitas questões" relativamente à embaixadora, "porque ela sempre estava a trabalhar com uma associação, que desde o início não fizera um grande trabalho (...) Só conseguem fazer manifestações, ninguém estava a pensar sobre o povo ucraniano em Portugal", declarou. .
"Voluntários sempre fizeram muito trabalho e com vários resultados, e sempre foi assim que a embaixadora chegou em frente e sempre tentou mostrar que isso foi feito pela Eembaixada", afirmou.
Mas no que respeitava a apoio financeiro, "só estavam a receber os
escolhidos", disse o responsável da UAPT e "nunca a apoiar aqueles
que fazem resultado, mas sim aqueles que estão perto deles", acrescentou.
Roman disse à Lusa que além de uma declaração para um voo humanitário e de uma
declaração a dizer que era reconhecida pela Embaixada como associação de
ucranianos, nunca recebeu mais nada da representação diplomática em Lisboa.
Quanto ao futuro, acha que será melhor que a Embaixada vá estar mais atenta depois da partida da atual embaixadora.
"Acho que no futuro será muito mais fácil trabalhar com a Embaixada, e espero que vá estar mais atenta aos pedidos das associações que têm iniciativas e que querem e gostam de criar projetos e dar apoio aos ucranianos", concluiu.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destituiu Inna Ohnivets das
funções de embaixadora da Ucrânia em Portugal, comunicou o chefe de Estado no
seu "site" oficial.
Numa nota no "site", assinada na sexta-feira, o Presidente ucraniano
dá conta da "destituição" de Inna Ohnivets do cargo de embaixadora
extraordinária e plenipotenciária da Ucrânia junto da República Portuguesa.
A embaixadora da Ucrânia em Portugal disse hoje que a sua destituição do cargo
estava agendada e foi informada sobre ela dois dias antes do anúncio da decisão
pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do seu país. .
"Posso dizer que isso é uma rotação agendada", afirmou em declarações
à SIC, Inna Ohnivets.
Quando questionada se já sabia que não iria ser reconduzida no cargo, a
diplomata ucraniana apenas mencionou que dois dias antes teve uma conversa
telefónica com o ministro dos Negócios Estrangeiros do seu país em que foi
informada que a decisão se contextualizava no plano de rotação.
Notícia atualizada às 22h36 com declarações de Pavlo Sadokha à Renascença