O preço do leite e dos seus derivados não deverá ter uma grande alteração no início de 2023, mas o resto do ano continua a ser uma incógnita face à evolução dos custos de produção e ao contexto externo, adiantaram os produtores à Lusa.
“Em janeiro, pressuponho que não vai acontecer nenhuma alteração de grande monta. Durante o ano, é impossível estar a fazer algum tipo de conjeturas porque depende de fatores a que nenhum analista nos consegue dar respostas”, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso, em declarações à Lusa.
No entanto, espera que se verifique “alguma acalmia”, uma vez que os rendimentos dos consumidores estão já a ser pressionados. Fernando Cardoso referiu que uma nova subida do preço do leite estará sempre dependente de fatores como o custo da energia e a evolução da guerra da Ucrânia.
Ainda assim, disse esperar que os produtores consigam recuperar algum do seu rendimento, que foi perdido nos últimos anos. “A passagem do ano é uma mera data que não tem uma importância decisiva em termos de preços”, notou.
No mesmo sentido, o secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), Carlos Neves, disse não haver, neste momento, qualquer indicação que aponte para uma subida do preço do leite pago aos profissionais do setor e, consequentemente, do valor pago pelo consumidor final. “Se houver alguma coisa, será muito ligeira”, sublinhou.
Porém, lembrou que o leite é um produto processado, estando assim sujeito a outros custos, como transporte, pasteurização e embalamento, que podem afetar o seu valor final.
“A evolução dos custos energéticos para os agricultores e para a indústria também é uma questão importante e não sei até que ponto pode afetar [o valor pago pelo consumidor]”, sublinhou, apesar de esperar que o impacto não seja significativo. Segundo dados compilados pela Deco, organização de defesa do consumidor, um litro de leite UHT meio gordo custava 0,68 euros em 23 de fevereiro deste ano, valor que ascendeu a 0,96 euros no dia 07 de dezembro.
Neste período, um litro de leite UHT meio gordo registou o seu valor mais alto em 30 de novembro (0,97 euros).
Por sua vez, uma embalagem de 200 gramas de queijo flamengo fatiado passou de 1,99 euros para 2,65 euros, enquanto uma embalagem de 250 gramas de manteiga com sal passou a custar 2,32 euros, quando, em 23 de fevereiro, estava em 1,85 euros.
Já uma embalagem de 200 gramas de queijo curado fatiado teve um aumento, até 07 de dezembro, de 0,47 euros, passando de dois euros para 2,47 euros.
Um ‘pack’ de quatro unidades de iogurte líquido aumentou, no período em causa, 0,23 euros, estando o seu valor em 2,16 euros, enquanto um ‘pack’ de oito unidades de iogurte com aroma passou de 1,83 euros para 1,87 euros, tendo chegado a custar 1,89 euros.