As grávidas de baixo risco referenciadas para o Hospital de Santa Maria nos próximos dias poderão ser reencaminhadas para hospitais privados, devido às dificuldades em completar a escala de obstetrícia. A decisão do Centro Hospitalar Lisboa Norte foi tomada em coordenação com a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.
Em comunicado, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) garante, no entanto, que estão assegurados os partos de alto risco e a resposta em fim de linha.
Já o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) admite não ter ficado surpreendido com o anúncio das alterações. Jorge Roque da Cunha fala de um problema estrutural que tarda em ser resolvido e insiste nas críticas à falta de investimento no SNS.
Em declarações à Renascença, Jorge Roque da Cunha acusa o Governo de não investir no Serviço Nacional de Saúde.
“Este problema estrutural só se resolve com investimento no Serviço Nacional de Saúde. Santa Maria deu essas indicações, mas, por exemplo, hoje a escala do Algarve foi completada por uma chamada de última hora de dois médicos de Portimão. A Guarda já não tem urgência de obstetrícia, portanto, é um pouco por todo o país e a questão de fundo é justamente essa é tentar resolver estes problemas de uma forma pontual, naturalmente não investindo no Serviço Nacional de Saúde”, diz.
O secretário-geral do SIM critica a posição do ministro das Finanças por não querer investir hoje, para poupar no futuro. Roque da Cunha afirma que esta política só vai prejudicar o Estado.
“O senhor ministro das Finanças prefere não investir no Serviço Nacional de Saúde e o resultado acaba por ser como estamos a ver agora, a contratação de serviços no setor privado, que está a fazer o seu papel. Também sabemos que o ano passado se despenderam cerca de 175 milhões de euros em prestadores de serviço”, acusa.
Segundo Roque da Cunha, “só há uma maneira de resolver isto de uma forma séria” e a solução passa por “criar condições para que no Serviço Nacional de Saúde existam médicos”.
“Nós tivemos uma paciência e uma disponibilidade negocial total que, aliás, se mantém. Na próxima quarta-feira voltamos a falar com o senhor ministro da Saúde, mas esperamos que se encontrem de facto aqui soluções, porque de outra maneira a situação só vai piorar em vez de melhorar”, avisa.