Nos últimos 10 anos as drogas sintéticas foram responsáveis pelo internamento de 1.890 pessoas na Madeira, uma grande parte de forma compulsiva (1.158 pessoas).
Nelson Carvalho, responsável pela UCAD Madeira, a Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos, mostra-se muito preocupado com os efeitos da nova lei da droga que altera a criminalização da posse de estupefacientes.
Em declarações à Renascença, Nelson Carvalho fala num cenário preocupante. "O panorama da droga vai piorar, do ponto de vista criminal vai ser muito complicado fazer prova e os traficantes vão conseguir introduzir mais droga e novas substâncias”, sublinha.
Desde 2012 que os internamentos não param de aumentar e a reincidência é também uma realidade no consumo de drogas sintéticas no arquipélago.
“No ano passado, 85% dos internamentos de consumidores foram compulsivos e isso mostra o impacto destas substâncias. Temos indivíduos que já foram internados mais de 15 vezes”, explica.
Os dados da UCAD Madeira revelam ainda que nos primeiros seis meses deste ano foram internadas 85 pessoas, 70 delas de forma compulsiva por apresentarem surtos psicóticos. Nelson Carvalho adianta que “são drogas muito aditivas que provocam maior dependência e problemas de saúde graves”.
As drogas mais consumidas são nesta altura três canabinoides, a par do álcool, a canábis e a cocaína. Sendo que as novas drogas sintéticas são as que mais preocupam e, segundo este responsável, “têm destruído mais o tecido social”, por serem mais baratas e acessíveis aos consumidores.
Consumidores novos e desempregados
A maioria dos consumidores revela a UCAD Madeira “têm entre os 30 e os 40 anos, são principalmente homens desempregados que desenvolvem muitas vezes doença psiquiátrica”.
Nelson Carvalho deposita esperança numa alteração legal, caso seja pedida a fiscalização preventiva do decreto do Parlamento que descriminalizou as drogas sintéticas e fez uma nova distinção entre tráfico e consumo de estupefacientes.
Ao Presidente da Republica são deixadas criticas. “O Presidente podia ter feito mais porque estamos a pôr em risco a saúde e a segurança das pessoas", O responsável pela UCAD Madeira teme que o futuro traga na prática uma "despenalização encapotada do tráfico”.