Quase um milhão de pessoas vivem em situação de sem-abrigo em toda a Europa, indica um relatório da federação de organizações nacionais que trabalham com pessoas sem-abrigo (Feantsa), divulgado esta terça-feira.
De acordo com a organização, o número apenas reflete "as formas mais visíveis" do fenómeno, "destacando o falhanço dos países europeus em garantir o direito fundamental à habitação".
Calcula-se que, atualmente, existam todas as noites pelo menos 895 mil pessoas em situação de sem-abrigo, "uma população comparável ao total de habitantes de cidades como Marselha e Turim" ou no conjunto de Lisboa e Loures.
Os dados foram recolhidos nos diferentes países da União Europeia (UE) e Reino Unido com recurso aos census e a outros registos das autoridades nacionais e representam uma "estimativa mínima", já que não há números disponíveis para as seis categorias avaliadas pelos autores do relatório para definir situações de sem-abrigo.
Estas categorias incluem pessoas que vivem na rua, pessoas em acomodações de emergência e "pessoas sem-abrigo que vivem temporariamente em casas convencionais com família e amigos".
Quase metade do total destas pessoas vive na Alemanha e em França.
"Muitos Governos na Europa continuam a falhar às pessoa sem situação de sem-abrigo, a frustrar as pessoas em geral e a desperdiçar recursos com uma gestão ineficaz do problema", destaca Freek Spinnewijn, diretor da Feantsa, citado pelo Guardian.
No ano passado, todos os Estados-membros da UE, incluindo Portugal, comprometeram-se em acabar com a situação de sem-abrigo até 2030. Contudo, o relatório indica que o problema, pelo contrário, está a agravar-se, e que apenas a Dinamarca e a Finlândia têm registado progressos neste contexto.
Na Dinamarca, o número de pessoas em situação de sem-abrigo caiu 10% entre 2019 e 2022, sendo "um dos países com claros progressos" que pode servir de modelo para os restantes.