O Patriarca de Lisboa considera que o aumento da pobreza é uma “tragédia” e que o combate ao fenómeno tem de ser uma "prioridade sempre e não só em tempo de campanha eleitoral”.
À margem de uma eucaristia que presidiu na Basílica de Mafra, este domingo no âmbito do dia da Cáritas Portuguesa, D. Rui Valério criticou a “incapacidade portuguesa de décadas, se não séculos, de caminhar para salários ao nível da média europeia”.
Sobre o recente relatório da Cáritas Portuguesa – cujas conclusões apontam para mais de 500 mil portugueses em situação de pobreza severa e para um fraco progresso na luta à exclusão social nos últimos quatro anos –, o antigo bispo das Forças Armadas pediu uma união de esforços “de ordem económica, social, política e também religiosa” para aumentar os rendimentos das famílias mais pobres.
O Patriarca destacou ainda que a pobreza também tem uma “forte dimensão social”, nomeadamente quando afeta imigrantes que não entram nas estatísticas.
“Após tantos anos de empenho pela dignidade humana, chegamos a 2024 com estatísticas tão preocupantes. Temos ainda de ter ainda em conta que uma parte significativa daqueles homens, mulheres, idosos e até crianças que vivem à beira da estrada não são contemplados nesse relatório por serem migrantes- e que estão numa situação transitória em Portugal e nas nossas cidades”, detalha.
Aproveitando o tempo quaresmal, D. Rui Valério elegeu “reflexão” e “ressurreição” como as palavras-chave para o período de eleições em Portugal.
“Essas são palavras estruturantes de qualquer projeto de sociedade. Contudo, não há ressurreição sem morte, morte de tanta coisa que não está a funcionar, de tanta coisa que não deveria de existir. (…) São erros, vícios, excessos, radicalismos... Tudo isso tem de ser suplementado por uma força luminosa, radiante da vida – a ressurreição”, remata.