O ministro da Economia garante que “existem alternativas à Nigéria”, em caso de incumprimento dos contratos de fornecimento de gás.
Esta segunda-feira, a empresa nigeriana que abastece a Galp Energia invocou motivos de força maior para reduzir a produção de gás natural, por causa das fortes cheias que assolam o país que impedem a exportação do produto.
Caso a situação se prolongue no tempo, o ministro da Economia garante que Portugal dispõe de alternativas credíveis para o fornecimento de gás.
“Nós temos também a questão da Guiné-Equatorial, que é um produtor de gás, temos Trinidad e Tobago, dos EUA. A bacia atlântica tem fornecedores que podem substituir falhas que possam acontecer”, afirmou António Costa Silva esta terça-feira à noite, em declarações na RTP3.
Nesta altura, o Governo está em “contacto regular” com o fornecedor nigeriano para que o abastecimento normal seja reposto quanto antes, num cenário de “verdadeira caça ao gás”.
“Se olhar para a Ásia, vê companhias alemãs que foram a Singapura, onde existia uma das filiais da Gazprom que abastecia a Índia. Eles conseguiram, pagando as penalidades, que o gás fosse revertido”, disse.
Questionado sobre o eventual risco de Portugal ser surpreendido pela Nigéria numa situação desse género, o ministro da Economia lembra que a empresa energética nigeriana invocou “força maior, devido às inundações”.
Contudo, António Costa Silva admite que, “no mundo do gás, existam pressões e que as companhias e os países em grandes dificuldades ofereçam-se para pagar as penalidades nos contratos de longa duração, para poderem ficar com o gás”.
Se isso acontecer, será inevitável um aumento em flecha do preço do gás natural.
Costa Silva explica que “as cargas têm de vir do mercado spot, que é um mercado de leilão, da venda física diária, onde os preços estão elevadíssimos. No caso do gás, tivemos em 2021 um preço médio de 23 euros por megawatt/hora. Este ano, estamos a chegar à volta dos 55 a 60. No próximo ano, podemos ter acima de 100 a 120”.
Ou seja, em dois anos, o preço do gás natural poderá aumentar entre cinco e seis vezes.
Despedimentos da Adidas? “Não fui informado”
Nestas declarações à televisão pública, o ministro da Economia disse, ainda, que não foi previamente informado desta decisão da Adidas de despedir, pelo menos, 300 trabalhadores do centro de distribuição da Maia.
“O Ministério da Economia não foi informado. Contactei, também, a minha colega do Trabalho, bem como a Direção-Geral do Trabalho e das Relações de Emprego e também não foi informada”, admitiu o ministro, que adiantou, também, que a multinacional alemã de equipamentos desportivos não recebeu quaisquer ajudas do Estado português para instalar o seu polo logístico na Maia.
Sobre a reintegração futura dos trabalhadores da Adidas, António Costa Silva mostra-se confiante, na sequência de uma “declaração recente da empresa a dizer que vai integrar esses trabalhadores noutros serviços. Esperemos que isso aconteça”.
Em causa está, segundo o ministro, uma restruturação no setor da contabilidade da Adidas, um processo que o ministro da Economia espera que seja conduzido “de forma adequada: se a Adidas assume este compromisso de reintegrar noutras áreas, isso será benéfico”.