O ministro do Ambiente diz “estranhar” que, na sequência do anúncio do encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos, ainda não tenha havido uma reunião entre a administração da empresa e os sindicatos.
“Confesso que não é uma boa notícia, e a minha fonte [de informação] são os sindicatos, que ainda não tenha havido uma reunião formal entre o Conselho de Administração [da Galp] e as estruturas sindicais”, afirmou Matos Fernandes, no final de uma reunião com os representantes dos trabalhadores, esta sexta-feira, no Porto.
Também os trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos criticam o “silêncio” da administração, mas também o Governo, por não assumir as suas responsabilidades enquanto acionista da empresa.
Telmo Silva, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte) considerou “inacreditável” que a administração da Galp ainda “nada tenha dito” aos trabalhadores sobre o fecho da refinaria.
Além disso, acrescentou ser também “incrível” que o Governo, sendo o segundo maior acionista da empresa, não diga nem faça nada.
“A visão do ministro [do Ambiente] é de que não tem de se imiscuir na decisão da Galp, mas nós achamos o contrário, achamos que o Governo, como segundo maior acionista, tem todas as responsabilidades”, disse.
Para o sindicalista, “à boleia” da transição energética destroem-se postos de trabalho.
Telmo Silva questiona onde estão os ganhos ambientais se há uma transferência da produção de Matosinhos para Sines.
“Não há ganhos ambientais, vamos é transferir as emissões daqui [Matosinhos] para Sines”, afirmou.
O que o fecho desta refinaria vai provocar é o aumento das importações e o trafego marítimo e rodoviário, entendeu.
À semelhança de Telmo Silva, o dirigente do Sindicato da Indústria e Comércio Petrolífero (Sicop), Rui Pedro Ferreira, diz que as respostas “não são nada animadoras”.
Uma das questões levantadas por esta estrutura sindical passa pela ausência de um estudo macroeconómico para dar uma perspetiva do impacto do fecho da refinaria na região e país.
As implicações vão ser “muitas”, assumiu, acrescentando que essas devem ser calculadas.
Para travar o fecho da refinaria, os trabalhadores têm prevista uma concentração para dia 12 de janeiro, com saída do complexo industrial até à câmara de Matosinhos.
Matos Fernandes. Portugal “quer muito” ter uma refinaria de lítio
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, reafirmou “querer muito” que Portugal venha a ter uma refinaria de lítio, havendo já muitos municípios dispostos a acolhê-la.
“Queremos muito que Portugal venha a ter uma refinaria de lítio, aliás há municípios que já tornaram público o seu interesse, mas nenhum deles é Matosinhos [distrito do Porto]”, afirmou o governante, no final de uma reunião com estruturas sindicais dos trabalhadores da refinaria da Galp de Matosinhos, que encerra este ano.
A propósito do fecho da refinaria, e questionado sobre a possibilidade de ali nascer uma refinaria de lítio, o ministro vincou que os terrenos são da Galp, sendo essa a saber que destino lhe quer dar.
Insistindo não saber qual o destino dos terrenos onde está instalada a refinaria e no facto do Governo não se pronunciar sobre o encerramento de empresas privadas, o ministro sublinhou que a sua preocupação é a segurança do abastecimento.
“Tinha [Governo] de se pronunciar sobre a segurança do abastecimento e, essa, está garantida mesma sem a existência desta refinaria”, ressalvou.
Matos Fernandes reforçou que Portugal quer aproveitar o facto de ser um país “potencialmente rico em lítio” refinando-o, criando condições para a produção de células e, depois, de baterias.