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O presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) quer averiguar a fuga de informação de documentos entregues pelo Governo na Assembleia da República sobre a TAP.
Esta quinta-feira à noite, a SIC revelou a troca de mensagens WhatsApp a propósito da reunião que a então CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, teve com um deputado socialista e assessores do Governo.
A CNN Portugal revelou emails onde se discutem os fundamentos para a demissão por justa causa da CEO e do chairman da TAP, Manuel Beja.
No final da reunião desta quinta-feira, o presidente da comissão parlamentar de inquérito, Jorge Seguro Sanches, falou num ataque à democracia e à credibilidade da Assembleia da República.
“É um ataque muito forte aos valores mais sérios e honestos daquilo que tem a ver com a atividade política, que é todos nós termos a responsabilidade de cumprir a lei, ter sentido ético, e isto ataca o prestígio da Assembleia da República, ou atacará, a confirmar-se”, declarou o deputado socialista.
Jorge Seguro Sanches considera que esta fuga de informação é “inaceitável, anti-democrática e ilegal”.
E porque o caso é grave, o presidente da comissão sugere que seja aberto um inquérito, para identificar os responsáveis e “puni-los de uma forma exemplar”.
A decisão vai ser tomada esta sexta-feira pela comissão parlamentar. Bruno Dias, do PCP, diz que esta fuga de informação tem um propósito: “alguém está a ganhar muito com isto, mas não é a Assembleia da República, o país nem a democracia”.
Hugo Carneiro, do PSD, avisa que não pode ficar qualquer clima de suspeição e sublinha “que ninguém pode afirmar inequivocamente que foi alguma das pessoas que aqui está ou não está que passou qualquer informação”.
Ao longo da tarde, os deputados divulgaram aos jornalistas alguns detalhes dos documentos.
A Iniciativa Liberal revelou que mesmo dentro do Governo não houve consenso quanto aos fundamentos para a demissão por justa causa e que a reunião entre a CEO da TAP e os assessores foi mesmo para preparar as perguntas e as respostas na comissão.
O Bloco de Esquerda disse que, afinal, o Governo só recorreu a apoio jurídico depois de demitir os gestores da TAP.