O Presidente angolano, João Lourenço, pede sentido de Estado nas relações entre Portugal e Angola. No encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, no palácio presidencial, em Luanda, Lourenço destacou o “papel relevante” que Portugal pode ter em Angola, mas também deixou o pedido de bom senso e pragmatismo. Já Costa fez elogios à mudança em curso em Angola e prometeu voltar.
“É fundamental que o bom senso, pragmatismo e sentido de Estado prevaleçam sempre nas relações entre Angola e Portugal para que a via de diálogo permaneça entre nós”, disse João Lourenço, no momento mais significativo e oficial do encontro entre os dois responsáveis políticos. Há sete anos que um primeiro-ministro português não visitava Angola.
António Costa chegou ao Palácio da Cidade Alta pelas 11h e foi calorosamente recebido por João Lourenço. Os dois espalharam sorrisos enquanto passaram em revista as tropas e trocaram apertos de mão e ainda mais sorrisos frente às câmaras de televisão. Depois vieram os discursos.
João Lourenço começou por salientar o “esforço decidido” que o seu governo está a fazer apra criar um “ambiente de negócios positivo” e de confiança. “São bem-vindos os investimentos diretos portugueses”, disse o Presidente angolano, que saudou o aumento da linha de crédito às exportações anunciado por António Costa esta segunda-feira em Luanda, de mil milhões para 1.500 milhões de euros.
Já no plano de política lusófona e africana, João Lourenço manifestou otimismo sobre a evolução política da Guiné-Bissau, mas expressou “bastante preocupação” pelas “ações terroristas” que têm sido noticiadas em Moçambique.
“Reencontro com o futuro”
O primeiro-ministro português classificou este dia como “um reencontro com o futuro das relações entre Portugal e Angola, entre dois povos, entre dois continentes”. Notoriamente satisfeito, António Costa elogiou “a nova fase do desenvolvimento de Angola” e disse que “Portugal tem muita honra” em estar ao lado dos angolanos num “relacionamento fraternal e amigo”.
Costa fez questão e agradecer o apoio e empenho de Angola nas eleições de António Guterres e António Vitorino para os cargos internacionais que ocupam e agradeceu também o acolhimento angolano aos protugueses que, nas dificuldades de Portugal, foram para aquele país africano à procura de emprego. Manifestou ainda confiança numa “parceria entre iguais em que cada um contribui para a riqueza do outro”.
O primeiro-ministro português também quis deixar um sinal da importância das relações entre Europa e África, dizendo que esse será o tema da presidência portuguesa da União Europeia em 2021 e terminou o seu discurso a citar um poema de Agostinho Neto, escrito quando o mítico lutador pela independência, que viria a ser Presidente do país, estava preso em Portugal. “Havemos de voltar a esta Angola liberta e independente”, prometeu António Costa.