Diocese de Lisboa. Combate à pobreza é uma das áreas “prioritárias” da acção da Igreja
17-03-2016 - 17:10
 • Ana Lisboa

O Patriarca Manuel Clemente recebeu o documento-síntese saído das sessões da iniciativa Escutar a Cidade”, que decorreu em 2015.


Os movimentos ligados à iniciativa “Escutar a Cidade” entregaram, esta quinta-feira, ao Cardeal Patriarca de Lisboa, um documento com propostas saídas das seis sessões de trabalho, que decorreram entre Janeiro e Junho de 2015. Os encontros tiveram como objectivo escutar os contributos para o Sínodo de Lisboa de quem “vivendo no mesmo tecido social” não partilha “a pertença eclesial”.

A erradicação da pobreza, a promoção da justiça e o fomento da arte como caminho de expressão da fé são alguns dos desafios que constam do documento entregue a D. Manuel Clemente.

A pobreza é apontada como uma de três áreas preferencialmente “prioritárias” na acção da Igreja diocesana, lembrando a “urgência de voltar a colocar a pessoa no centro da sociedade e da cidade, construindo processos que combatam a cultura do descartável e criem uma cultura mais inclusiva de todos, derrubando barreiras geracionais, económicas e sociais”.

A justiça e a participação são aqui consideradas condições essenciais para o exercício da democracia, situação actualmente posta em causa pelo desemprego e desigualdade económica.

Nova linguagem

Esta síntese agora divulgada refere ainda a necessidade da Igreja aperfeiçoar “pelo discurso e pela prática católica a linguagem da arte, como questionamento e criação”. É sugerido que a Igreja deve procurar novas formas de “hoje falar das verdades de sempre com novas palavras” e com “novos discursos em que a fé se possa dizer”.

O documento fala de uma Igreja que deve acolher e aceitar ser acolhida, que deve reflectir sobre “os hábitos”, os “preconceitos” e as “barreiras” erguidas que afastam alguns de se sentirem “parte desejada da mesa da comunhão”.

Os promotores desta iniciativa dizem que “é uma urgência” a centralidade da palavra bíblica nas comunidades cristãs, sublinhando o papel da catequese infantil e da necessária “participação criativa das famílias”.

O documento critica uma Igreja “cautelosa” e “passiva” no olhar atento à situação europeia e pede, perante a “fragmentação” e “desarticulação”, um debate “numa base ecuménica e inter-religiosa com as outras Igrejas cristãs e outras comunidades religiosas”.

Estes encontros da iniciativa “Escutar a Cidade” pretenderam dar um contributo para a reflexão do Sínodo diocesano 2016 - “O sonho missionário de chegar a todos” -, mas também suscitar “interrogação” aos participantes, grupos, comunidades e movimentos.

O documento deverá ser apresentado publicamente no próximo dia 16 de Abril.