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O Governo britânico retirou esta quinta-feira Portugal da lista de países para os quais os britânicos podem viajar sem terem de cumprir restrições no regresso ao Reino Unido. Portugal era dos poucos países europeus que constava desta lista verde.
Ao início da manhã, o canal de televisão britânico BBC avançava que era certa essa saída, e a informação acabou por ser confirmada oficialmente pouco depois das 16h pelo ministros dos Transportes, Grant Schapps.
O ministro disse numa entrevista transmitida na estação de televisão "Sky News" que foi uma "decisão difícil de tomar", invocando duas principais razões que estão a causar preocupação junto das autoridades britânicas.
"Uma é que a taxa de positividade quase duplicou desde a última revisão em Portugal e a outra é que há uma espécie de mutação do Nepal da chamada variante indiana que foi detetada e simplesmente não sabemos o potencial que pode ter para resistir à vacina", explicou.
Com esta decisão Portugal passa a constar da lista âmbar. Existem três graus de gravidade na lista do Governo britânico: vermelho, âmbar e verde.
As viagens para os países na lista vermelha estão vedadas, exceto para casos de absoluta necessidade, e quem regressa destes Estados tem de cumprir quarentena num hotel decidido pelo Governo, a um custo de não menor de 2.300 euros.
Quanto aos países na lista âmbar, as viagens são apenas desaconselhadas e quem regressar delas tem de cumprir 10 dias de isolamento em casa. Por fim, a lista verde, donde Portugal acaba de sair, permite viagens livres sem necessidade de isolamento no regresso.
A medida agora anunciada aplica-se a Portugal continental e às regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Segundo o Governo britânico, qualquer pessoa que viaje para o Reino Unido a partir de um país na lista âmbar deve apresentar um teste negativo à Covid-19 e marcar, pagando logo, dois testes a realizar no Reino Unido, ao segundo e ao oitavo dia depois da chegada.
Todos os passageiros nesta situação devem ainda preencher um formulário que permita às autoridades de saúde poder localizá-los em caso de necessidade e comprometerem-se a cumprir 10 dias de isolamento nas suas casas ou no local onde vão residir.
Balde de água fria
Não se sabe ainda até que ponto esta decisão poderá afetar os voos que já estão marcados entre o Reino Unido e Portugal, mas a notícia foi recebida com desalento por João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve.
"É muito prejudicial para o destino Algarve, que tem vindo a acolher uma série de turistas e que tem uma perspetiva para as próximas semanas de uma procura crescente", diz, em declarações à Renascença.
A decisão terá tido por base a subida no número de novos casos, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo. Contudo, o dirigente recusa-se a apontar o dedo a qualquer setor da população em particular.
"Acho que os portugueses como um todo estão de parabéns por terem controlado e sabido prevenir uma pandemia que em todo o mundo causa percalços. Não se trata de passar a culpa para outros, não é esse o esforço que temos de desenvolver, é sim um esforço pessoal e coletivo do país", defende.
Também Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hoteis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, considera que esta notícia é um balde de água fria para as perspetivas para o setor algarvio.
"Para além de profundamente injusta, é uma espécie de balde de água fria e vem colocar em causa as boas perspetivas que tínhamos para este verão. Porque para além da procura por parte do mercado interno, estávamos a contar com a procura do nosso maior fornecedor de turistas, que é precisamente o Reino Unido."
Perante a decisão anunciada nesta quinta-feira, Elidérico Viegas pede menos burocracia no acesso prometido pelo Governo ao setor do turismo no Algarve.
O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) diz que a decisão do Governo britânico de retirar Portugal da "lista verde" é "devastadora" e "injusta" e um "balde de água fria", com argumentos que "não convencem".
Em declarações via telefone à agência Lusa sobre o anúncio de que Portugal vai sair da "lista verde" de viagens internacionais no Governo britânico devido à descoberta de novas variantes e ao aumento do número de infeções nas últimas semanas, Luís Pedro Martins declarou que se trata de uma notícia "devastadora" e com "argumentos que não convencem".
"É uma decisão lamentável do Governo britânico e que nos provoca novamente um grande balde de água fria. Portugal, segundo todos os rácios, designadamente do ECDC [Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças], regista 65 casos [de covid-19], por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Só há três países assim na União Europeia", declara o presidente da TPNP.
Luís Pedro Martins não compreende a decisão e considera-a uma "injustiça", porque neste momento, o índice de contágio em Portugal "é igual ao do Reino Unido" e porque os britânicos já vão num "estado bastante avançado de vacinação da sua população".
"Não conseguimos compreender esta decisão. É gravíssimo para o Algarve, com quem estamos bastante solidários, menos grave para o Porto e Norte uma vez que não é um mercado que faça parte do nosso "top" três, mas não deixa de ser uma decisão que nos surpreende por uma injustiça", concluiu.
O “Daily Mail”, diz que esta decisão pode arruinar as férias de uma grande quantidade de britânicos que já estão, ou pretendiam vir para Portugal.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson garantiu que não hesitará em retirar países da lista verde se for necessário.
Ações das companhias aéreas em queda
As ações das companhias aéreas britânicas estão em queda, esta quinta-feira, após a decisão do Governo de retirar Portugal da lista verde.
Pelas 15h50 (hora de Lisboa), as ações da EasyJet desciam 6,07%, enquanto as do International Airlines Group (IAG) recuavam 5,67%.
Por sua vez, os títulos da Ryanair estavam a perder 4,26% e os da TUI 3,87%.
"O Governo voltou a ignorar o setor do Turismo ao recusar-se a acrescentar novos destinos à já estreita lista verde", afirmou a vice-presidente sénior do Conselho Mundial de Viagens e do Turismo, Virgínia Messina, citada pela Bloomberg.
Virgínia Messina vincou ainda que a exclusão de Portugal vai "destruir a confiança necessária para viajar, diminuir as reservas futuras e dissuadir os turistas".
[notícia atualizada às 18h43]