O líder do CDS-PP considerou esta terça-feira "evidente" que o passo seguinte no processo de formação do Governo seja a indigitação de Passos Coelho, lamentando que para o secretário-geral do PS o voto do povo seja "um detalhe".
"É absolutamente extraordinário ver um líder político à procura da sua sobrevivência considerar o voto do povo um detalhe e considerar o Parlamento de Portugal uma formalidade", afirmou o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República.
Lembrando que no dia 4 de Outubro "o povo português livre e democraticamente" fez a sua escolha e que a coligação PSD/CDS-PP venceu e o PS perdeu, Paulo Portas sustentou que "os resultados implicam "para todos os agentes políticos um grande sentido de responsabilidade e um grande sentido de Estado".
"Foi essa a escolha que o povo fez e nós devemos estar à altura da escolha que os portugueses fizeram", vincou, lembrando que o voto dos portugueses foi no sentido da coligação PSD/CDS-PP governar e procurar compromissos que mantivessem Portugal dentro do quadro da União Europeia, do euro e do tratado orçamental.
"Parece evidente que o primeiro passo a seguir neste momento é a indigitação do doutor Pedro Passos Coelho como tendo um mandato para formar Governo", frisou.
Acompanhado por Nuno Magalhães, Pedro Mota Soares, Nuno Melo e Assunção Cristas, o líder do CDS-PP fez ainda alusão às tentativas da coligação para procurar "compromissos mínimos, médios ou máximos" com o PS, partido que considera partilhar com a coligação o essencial da visão europeia e os compromissos internacionais de Portugal.
Costa e Passos querem ser PM
O CDS-PP foi o último partido que o Presidente da República recebeu esta tarde em Belém, depois do PSD, PS e BE.
À saída do encontro com o chefe de Estado, o líder social-democrata disse ter a expectativa de que venha a ser nomeado um Governo que tenha na sua base política os partidos da coligação Portugal à Frente, sublinhando que "é indispensável que haja celeridade na forma como o processo se vai desenrolar".
Uma hora depois, o secretário-geral do PS, António Costa, contrapôs as expectativas de Passos Coelho, dizendo que estavam criadas condições para que os socialistas possam formar um Governo com apoio maioritário na Assembleia da República e que assegure condições de estabilidade.
Corroborando essa ideia, a porta-voz do BE, Catarina Martins assegurou que estavam criadas condições para "uma alternativa estável na Assembleia da República" sem PSD ou CDS-PP no Governo e assegurou que as divergências com o PS foram ultrapassadas.
A “ronda” do chefe de Estado pelos partidos que elegeram deputados à Assembleia da República termina na quarta-feira, com a audição do PCP (10h30), do partido ecologista Os Verdes (11h30) e do PAN - Pessoas-Animais-Natureza (12h30).
A Constituição da República prevê que o primeiro-ministro é "nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".
Nas eleições de 4 de Outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.