Guiado pelo presidente da Câmara de Santiago do Cacém, o líder do PCP Paulo Raimundo visitou quase todos os serviços na sede da autarquia. Álvaro Beijinha, a cumprir o seu terceiro mandato, eleito pela CDU, aproveitou ora para enaltecer obra feita, ora para apresentar dificuldades.
“Cada vez mais temos dificuldade em atrair pessoas para a função pública e isso tem muito a ver com a valorização das carreiras, salários baixos”, explica, acrescentando que o problema afeta quer os quadros técnicos e superiores onde “é muito difícil [contratar], porque um engenheiro em princípio de carreira ganha mil e poucos euros limpos”, quer em “áreas especializadas”, dando como exemplo os eletricistas “porque ganham muito mal”.
Raimundo concorda com o diagnóstico e lembra que “a CDU não vai desistir da questão da valorização dos salários, porque em breve vai ser difícil manter o país, já não é a andar para a frente, é a funcionar”.
Ao entrar no gabinete de estudos e planeamento, Josué Caldeira pediu “dois minutos” para apresentar alguns dados que reuniu sobre habitação.
Citando números do Instituto Nacional de Estatística (INE), Josué Caldeira aponta que a realidade do Alentejo Litoral é “muito diferente” do resto do Alentejo. Aqui, assegura, o preço disparou nos últimos anos.
Nos gráficos apresentados, o metro quadrado em Grândola custava, em 2023, 1.924 euros, já mais do que na capital do distrito Évora (1.874 euros por metro quadrado).
“É um processo brutal que já tem hoje impactos sociais brutais de inacessibilidade à habitação e que não se compara com o resto do Alentejo, é um problema a sério, uma bomba relógio”, assegura.
Paulo Raimundo escutou, agradeceu e seguiu pela visita guiada. A Câmara de Santiago do Cacém tem 700 trabalhadores, 50 milhões de orçamento, uma autarquia sem dívidas, assegurou o presidente que lembrou ainda que, nos idos anos de 1895, o primeiro carro que existiu no país veio para esta zona.