O pior surto de Covid-19 em Macau desde o início da pandemia "foi causado pela importação de produtos", defendeu o diretor dos Serviços de Saúde (SSM) da região administrativa especial chinesa.
Alvis Lo Iek Long não revelou mais detalhes sobre a origem do surto, que infetou 1.821 pessoas, a maioria casos assintomáticos, e provocou seis mortos, todos idosos com doenças crónicas, desde 18 de junho.
Durante uma conferência de imprensa, o diretor dos SSM admitiu que, "no futuro pode surgir novo surto" que obrigue a cidade a voltar a impor restrições à mobilidade.
Em 23 de junho, antes do início de um confinamento parcial que durou mais de duas semanas, o chefe do executivo de Macau tinha dito que o surto poderia ter sido causado por residentes que cumpriram quarentena num hotel ou pela importação de produtos.
Quanto à origem das infeções, Ho Iat Seng garantiu, na altura, que "não é assim tão provável que seja da China", por não se tratar de uma estirpe "tão vulgar" no país.
Em 2 de julho, Macau suspendeu, inicialmente durante uma semana, a importação de mangas de Taiwan, após ter detetado vestígios do novo coronavírus, responsável pela covid-19, no exterior de uma embalagem.
Em resposta, o Conselho de Agricultura, que faz parte do Governo de Taiwan, defendeu não haver provas científicas de que a doença pode ser transmitida através de produtos embalados.
Em 12 de julho, a Comissão Nacional de Saúde chinesa anunciou que iria deixar de fazer testes à presença de covid-19 em produtos importados, exceto congelados.
Estudos revelam que os vírus têm um tempo de sobrevivência curto na superfície da maioria dos objetos à temperatura ambiente e, portanto, "as medidas devem ser atualizadas", referiu a Comissão.
Desde o início da pandemia, a China suspendeu por diversas ocasiões as importações de produtos de alguns países por associarem as suas mercadorias congeladas a surtos de covid-19 em cidades chinesas. Produtos do Brasil, Argentina e Equador, entre outros países, foram apontados como responsáveis por casos positivos nos últimos dois anos, e os respetivos exportadores punidos, no âmbito da rígida política de "zero casos" implementada pelas autoridades chinesas.
Macau anunciou o levantamento de restrições anticovid-19 que determinaram o fecho de estabelecimentos comerciais, a partir de terça-feira, mas mantém o uso obrigatório de máscara na rua e exige um teste negativo à entrada de espaços como bares e restaurantes.
Também na terça-feira, os serviços e entidades públicos e os bancos locais vão retomar o funcionamento normal, com todas as agências abertas.
A população poderá voltar novamente a praticar exercício ao ar livre sem máscara, confirmou, na conferência de imprensa, Leong Iek Hou, do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.