As Forças de Defesa de Israel entraram, na madrugada desta quarta-feira, no hospital Al-Shifa, o maior na cidade de Gaza, para uma “operação precisa e direcionada” contra o Hamas.
De acordo com a Al Jazeera, tanques militares israelitas estão localizados no pátio do hospital, depois de terem feito explodir um armazém de medicamentos e dispositivos médicos nas instalações.
A mesma televisão indica que cerca de 30 pessoas foram levadas para o exterior do hospital e posteriomente despidas, vendadas e cercadas por três tanques.
Omar Zaqout, médico do pronto-socorro do Hospital Al-Shifa, disse à Al Jazeera que os soldados israelitas “detiveram e agrediram brutalmente alguns dos homens que estavam refugiados no hospital”.
"As forças israelitas levaram homens detidos nus e vendados. [Eles] não trouxeram qualquer ajuda ou suprimentos, apenas trouxeram terror e morte”.
Já Ahmed El Mokhallalati, médico do hospital, em declarações ao mesmo jornal, diz que "é um momento totalmente assustador, horrível para as famílias, para os civis que estão abrigados no hospital com seus filhos".
“[As tropas] estacionaram em frente ao pronto-socorro do hospital. Todos os tipos de armas foram usados no hospital. Eles atacaram diretamente o hospital. Tentamos evitar ficar perto das janelas”, diz.
De acordo com o médico, os postos de oxigénios não funcionam.
"A situação atual é de um sistema totalmente colapsado, onde não podemos fornecer nada aos nossos pacientes", alerta.
De acordo com uma testemunha, em declarações à BBC, as forças israelitas "vão de sala em sala, andar por andar, a interrogar toda a gente - tanto funcionários como pacientes - e são acompanhadas por médicos e falantes de árabe".
OMS perde contato com profissionais de saúde no hospital
O diretor-geral da da Organização Mundial da Saúde (OMS) já reagiu a este ataque. Numa mensagem partilhada na rede social X, diz que a organização perdeu contato com as equipas médicas do hospital.
“Perdemos novamente o contato com o pessoal de saúde do hospital. Estamos extremamente preocupados com a segurança deles e dos seus pacientes”, escreve Tedros Adhanom.
"Os relatos da incursão militar no Hospital al-Shifa são profundamente preocupantes."
"Os hospitais não são campos de batalha"
O secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, também reagiu, referindo estar “chocado” com as operações dos militares israelitas no Hospital Al-Shifa.
“A proteção de recém-nascidos, doentes, profissionais de saúde e civis deve sobrepor-se a todas as outras preocupações”, escreveu numa publicação na rede social X. “Os hospitais não são campos de batalha”, apontou.
Embora os relatos da entrada do hospital por parte das tropas israelitas sejam de "terror", as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que providenciaram incubadoras e comida de bebé ao hospital.
Segundo um dos porta-vozes das IDF, a "operação precisa e direcionada contra o Hamas ainda está a decorrer no hospital Al-Shifa. Podemos confirmar que incubadoras, comida de bebé e materiais médicos foram trazidos de Israel pelos tanques das IDF e chegaram ao hospital de Al-Shifa”, pode ler-se.
“Equipas médicas das IDF que falam árabe estão no terreno para garantir que os bens chegam aqueles que precisam”, diz.
Israel disse que a entrada no hospital ocorria "num complexo definido para o qual existe informação de inteligência que indica atividade terrorista da organização terrorista Hamas".
O Hamas e funcionários das autoridades de saúde em Gaza já negaram as alegações de que o grupo opera a partir do hospital.