O PS acusa o PSD de "caridadezinha e paternalismo" ao propor um vale alimentar para os pensionistas e reformados com menos recursos, criticando as alterações introduzidas ao programa de emergência social dos sociais-democratas menos de um mês após a sua apresentação.
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, reagia ao programa de emergência social do PSD apresentado hoje por Joaquim Miranda Sarmento, no valor de 1,5 mil milhões de euros, que representou uma subida em relação ao montante inicial indicado pelo presidente dos sociais-democratas, Luís Montenegro (mil milhões de euros).
Depois de ter sido anunciado por Montenegro pela primeira vez na Festa do Pontal, em Faro, em meados de agosto, Brilhante Dias salientou que "o programa de emergência social do PPD-PSD não aguentou nem 20 dias".
"Depois de o PPD-PSD fazer uma crítica continuada ao governo de que não apresentava um pacote completo e que ia apresentando progressivamente medidas em áreas diferentes, o PSD hoje apresenta mais umas medidas, altera o valor e por isso acaba por ser vítima da sua própria crítica, não percebendo que quem governa com elevado nível de incerteza, à saída de uma pandemia, com uma guerra, tem muitas vezes circunstâncias em que precisa de adaptar progressivamente os instrumentos", sustentou.
O dirigente socialista deixou ainda duras críticas a uma das propostas dos sociais-democratas que consiste num vale alimentar para os reformados e pensionistas com menos recursos: "é muito diferente apresentar uma prestação social, que é rendimento para as famílias, do que apresentar um vale alimentar".
"Um vale alimentar é querer conduzir os mais pobres, tipificando o tipo de consumo que podem fazer, e isso nós não subscrevemos. É uma espécie de caridadezinha que é o oposto da ideia de solidariedade social que temos", salientou.
Na opinião de Brilhante Dias, os portugueses "têm cabeça, são autónomos, são independentes e numa sociedade livre em função do rendimento disponível tomam as suas opções".
"A ideia de um vale alimentar é uma ideia ultrapassada, de um paternalismo para com os portugueses que uma cidadania adulta não pode admitir e muito menos um partido progressista como é o PS não pode aceitar esse paternalismo", acrescentou.
Questionado sobre uma das medidas hoje defendidas pelo PSD de redução do IVA da energia para a taxa mínima (6%), e da crítica lançada pela bancada "laranja" de que essa medida apenas depende da vontade do Governo, Brilhante Dias referiu que "o governo tem-se batido em Bruxelas, na União Europeia, por medidas que permitam apoiar os portugueses", dando como exemplos o mecanismo ibérico e a negociação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"O governo vai apresentar o pacote no dia 05 [de setembro] e nesse momento apresentará esse conjunto de medidas que terão impacto na vida dos portugueses, e o importante é todos contribuirmos com as nossas propostas para essa melhoria de vida dos portugueses", disse.
Interrogado sobre se o PS concorda ou não com esta descida do IVA da energia para a taxa mínima, o líder parlamentar dos socialistas não fez qualquer comentário, dizendo apenas que "sobre medidas em concreto que têm essencialmente uma natureza fiscal é competência do governo", remeteu uma vez mais para as medidas que o Governo apresentará na segunda-feira.