Os horticultores de Odemira garantem um investimento imediato para alojar condignamente cerca de mil trabalhadores estrangeiros que se encontram na região. Contudo, dizem que terão que ser a Câmara e o Governo a tratar dos outros dois mil que estão identificados.
O presidente da Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), que representa estes produtores, afirmou, este domingo, em entrevista à SIC, que para resolver este problema terá de haver um esforço partilhado.
"Começando já a resolver 1.000 desses 3.000 postos que são necessários, não podemos ficar por aí. O Governo e o município têm de resolver os outros 2.000. Assumindo que são 10.000 os trabalhadores e 3.000 estão mal instalados, nós, não tendo obrigação de o fazer mas fazendo-o com todo o gosto, vamos investir valores muito elevados para resolver 1.000 do problema de 3000 que hoje em dia existe. Mas o Governo e o município têm de fazer o resto", assinalou Luís Mesquita Dias.
Cinco milhões de prejuízo por semana
O presidente da AHSA reiterou que a cerca sanitária decretada para duas freguesias de Odemira (São Teotónio e união de Longueira e Almograve), no âmbito do combate à pandemia da Covid-19, trará prejuízos avultados ao setor: "Os nossos cálculos, dados pelos nossos produtores, apontam para cerca de cinco milhões de euros de perda por semana."
Luís Mesquita Dias está convencido que as perdas ficarão circunscritas a esta semana e que, "com a contínua redução de casos, o Conselho de Ministros na próxima semana irá decidir o fim" da cerca sanitária:
"Estamos absolutamente convencidos disso. Os últimos, e digo últimos mas se calhar deviam ser os primeiros, em termos de impacto, são os trabalhadores. Os trabalhadores que, durante esta semana, vão ficar sem receber ou, eventualmente, receberão alguma coisa da Segurança Social, mas que não se parece nada com o valor dos salários de que se fala muito. Um trabalhador agrícola destes ganhará entre 900 e mil euros se contarmos o seu salário básico, prémios e horas extraordinárias."
No sábado, em comunicado enviado à Renascença, a AHSA revelara que a cerca sanitária em Odemira implica uma redução de 40% da mão de obra. Algo que, "em pleno pico de produção", representa um desperdício de milhares de toneladas de produtos e, por conseguinte, um prejuízo de milhões de euros para as empresas que operam na região.