Os militares portugueses deixam, a partir desta segunda-feira, de poder ir a consultas ou fazer tratamentos nos hospitais da rede CUF.
O grupo José Mello Saúde, detentor dessas unidades privadas, concretizou a ameaça e suspendeu o acordo para a prestação de cuidados de saúde aos beneficiários da Assistência na Doença aos Militares (ADM).
À Renascença, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), o tenente-coronel António Mota, confirma a decisão e chama a atenção para a gravidade da situação, tendo em conta que "os militares que estão fora de Lisboa ou nos Açores e na Madeira não têm acesso ao Hospital das Forças Armadas".
A CUF é apenas a primeira a concretizar a prometida suspensão dos acordos com a ADM, depois da semelhante situação com a ADSE, o subsistema de saúde dos funcionários públicos, que foi entretanto revertida.
De acordo com informações da AOFA, "no dia 15 de abril será a vez de o grupo Luz Saúde deixar de atender militares" ao abrigo da convenção com a ADM, agora suspensa.
"É dia das mentiras, mas isto infelizmente não é uma mentira", lamenta António Mota. "É uma verdade que vai ser terrível para os militares."
O tenente-coronel diz já ter alertado o ministro da Defesa e o Presidente da República para esta situação grave e lembra ainda que "o Tribunal de Contas, no relatório da auditoria de resultados ao IASFA, I.P., esclareceu, de forma cabal e inequívoca, que o desconto dos militares para a ADM tem características próximas de um tributo/imposto".
"Os descontos efetuados sobre os salários e pensões dos quotizados do subsistema ADM estão a financiar despesas que compete ao Estado suportar, no âmbito do exercício das suas funções sociais e de soberania", acrescenta António Mota.
Nota: na terça-feira, dia 2 de abril, um dia depois da publicação desta notícia, o Grupo José Mello Saúde voltou atrás na decisão e chegou a acordo com a ADM para evitar a suspensão do acordo. Para já, ainda não há indicação semelhante da parte do Grupo Luz Saúde.