A presidência russa recusou esta segunda-feira comentar a reivindicação do grupo 'iadista Estado Islâmico (EI) do atentado de sexta-feira em Moscovo, que causou 137 mortos, bem como alegações de tortura dos quatro suspeitos detidos.
"Vou deixar essa pergunta sem resposta", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado pelos jornalistas sobre a publicação de vídeos nas redes sociais e de fotografias que mostram os suspeitos com sangue no rosto.
Nas imagens das detenções, transmitidas pela televisão pública russa, três dos homens tinham sangue no rosto.
Um outro vídeo, divulgado na Internet e cuja autenticidade não foi confirmada, parece mostrar um dos suspeitos a ter uma orelha cortada por alguém fora das câmaras, segundo a agência francesa AFP.
Um tribunal de Moscovo decretou no domingo dois meses de prisão preventiva aos quatro suspeitos, que arriscam uma pena de prisão perpétua por terrorismo.
Três dos suspeitos admitiram a culpa em tribunal, segundo as autoridades.
As forças de segurança russas detiveram 11 pessoas relacionadas com o ataque na sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores de Moscovo, incluindo os quatro suspeitos em prisão preventiva.
O ataque, o mais mortífero na Rússia nos últimos anos, foi reivindicado por um grupo filiado no EI (também conhecido pelo acrónimo árabe Daesh), o Estado Islâmico -- Khorasan, que atua no Afeganistão e no Paquistão.
Peskov também se recusou a comentar a reivindicação do EI, alegando que o caso está a ser investigado.
"A investigação está a decorrer e seria errado a administração presidencial comentar o progresso da investigação. Não o faremos", afirmou.
Peskov disse ainda que, nesta fase, o Presidente Vladimir Putin não planeia visitar o local do ataque.
Num discurso televisivo difundido várias horas depois do atentado, Putin condenou o que descreveu como um ato terrorista "bárbaro e sangrento" e apelou à vingança.
Embora não tenha especulado sobre os autores intelectuais do ataque, sugeriu que quatro dos detidos tentaram cruzar a fronteira para a Ucrânia, que, segundo o líder russo, tentou criar uma "janela" para os ajudar a escapar.
As autoridades ucranianas negaram qualquer envolvimento no ataque.
O atentado provocou também 182 feridos, 97 das quais permaneciam hospitalizadas hoje, segundo anunciou a ministra do Desenvolvimento Social da Região de Moscovo, Lyudmila Bolataeva, citada pela agência russa Interfax.
Ao reivindicar o atentado, o EI justificou que o ataque se inseria no contexto da "guerra violenta" entre o grupo e "os países que lutam contra o Islão".
Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e diversos países, incluindo Portugal, e organizações internacionais como a NATO condenaram o atentado.
O ataque à sala de concertos Crocus City Hall é o mais mortal dos reivindicados pelo EI na Rússia.
Segundo números recolhidos pela agência espanhola EFE, o EI tinha reivindicado ou sido responsável por pelo menos 14 ataques na Rússia entre 2015 e 2019.
O mais mortífero até ao de sexta-feira ocorrera na cidade de Magnitogorsk, nos Urais, com 39 mortos na explosão de um edifício de habitação em 31 de dezembro de 2018.