Questionado na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre sobre uma notícia do jornal 'online' Observador de que, em 2019, responsáveis do norte-americano Carlyle Group se reuniram consigo em Lisboa e falaram sobre o Novo Banco, Miguel Maya disse que recebe com frequência investidores institucionais que querem conhecer oportunidades de compra de ativos e que um dos temas é recorrentemente o Novo Banco. Contudo, afirmou, o BCP tem sempre a mesma posição: está apenas interessado em crescimento orgânico e não em aquisições.
"A nossa posição é sempre a mesma, o nosso crescimento é crescimento orgânico. Percebo que seja muito interessante para bancos de investimento falarem sobre o tema Novo Banco, mas o crescimento do BCP é crescimento orgânico", afirmou o gestor aos jornalistas.
Contudo, acrescentou uma ideia que também vem repetindo, de que a importante quota de mercado do BCP faz que quando haja uma operação no mercado a vá avaliar, o que acontecerá caso o Novo Banco seja posto à venda.
"Também disse e reitero que naturalmente, tendo a posição que temos no mercado, qualquer operação que vá ao mercado olhamos para ela. Ponto final parágrafo. Mas não faz parte da nossa estratégia, que fique claro de uma vez por todas", vincou.
Ainda relacionado com o Novo Banco, Miguel Maya falou sobre o que o BCP paga para o Fundo de Resolução bancário (que, por sua vez, capitaliza anualmente o Novo Banco), tendo dito mais uma vez que o que o banco quer é uma distribuição dos custos equilibrada e que o ponha em igualdade de circunstância na competição com os seus pares europeus.
O gestor recordou que o BCP paga, em média, 55 milhões de euros por ano para o Fundo de Resolução e que até hoje já pagou mais de 500 milhões de euros.
"Para mim é tão grave tomar uma má decisão como não corrigir uma decisão que se tomou errada", afirmou.
O BCP teve lucros de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, quase o dobro do mesmo período do ano passado, divulgou hoje em comunicado ao mercado.
Segundo o banco, os lucros foram negativamente influenciados pelos encargos com os créditos em francos suíços da operação na Polónia, referindo que sem esses custos o resultado líquido teria sido de 174,6 milhões de euros entre janeiro e março.
Apenas em Portugal, o BCP obteve lucros de 107,6 milhões de euros, mais 29% face ao primeiro trimestre de 2021 ajudado pelo aumento do produto bancário e pelos cortes de custos (incluindo com trabalhadores).