Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude chegaram este domingo à Torre da Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal continental. Com neve e muito frio, a peregrinação simbólica contou com meia centena de jovens e quis demonstrar que todos estão convidados e que ninguém vai ficar à margem do acolhimento.
“Não coloques [a Cruz ]no chão”, pede José Sério, 52 anos, elemento do Comissão Organizadora Diocesana (COD) da Guarda, responsável pela “logística muito complicada e de muita responsabilidade”, assume, acrescentando o facto de “haver um protocolo muito sério, e de a própria carrinha ter um procedimento muito próprio de circulação”, explicou à entrada da capela da Senhora do Ar, logo ao lado da Torre, a 2.000 metros de altitude.
Alta, mas não tão alta, com 3,8 metros de altura, a Cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte. Em 2022 chega ao ponto mais alto de Portugal Continental, debaixo de neve e frio intenso, que não chegou para calar as vozes juvenis que receberam com cânticos os símbolos - a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’.
Na mudança do arciprestado da Covilhã/Belmonte para o de Gouveia/Seia, a Via Sacra assinalou a passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude. Para D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, que coordena a realização da JMJ, é uma forma de dizer que “ninguém vai ficar de fora”.
“Em setembro fomos aos Açores e içámos a bandeira da JMJ no ponto mais ocidental da Europa, na ilha das Flores e agora estarmos no ponto mais alto de Portugal continental também é simbólico, porque significa transcender-nos, neste desejo de fazer chegar o convite a todos, e todos significa ir ao topo e às periferias geográficas”, afirma D. Américo Aguiar, admitindo que tem observado uma adesão que supera as expectativas.
E sobre o próximo passo, D. Américo Aguiar diz que “a grande mudança nesta fase de preparação tem a ver com as inscrições e que o anúncio público dos patronos da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, acontecerá em maio, no dia do aniversário do Papa S. João Paulo II, dia 18 de maio”.
Sem esconder a ansiedade, Salomé Loureiro, de 18 anos, Mariana Saraiva, de 19, e Isabel Abrantes, de 17, saíram de S. Romão à hora de almoço, no domingo, para subir à Torre, sem frio e com uma vontade maior que a Torre, de participar na Jornada Mundial da Juventude.
“Não sei explicar por palavras, é um sentimento muito especial”, revela Salomé Loureiro, que segura a cruz pela primeira vez. Já Mariana Saraiva assume que é a terceira vez que tem esse privilégio. “A nossa geração tem a sorte de acompanhar este momento em Portugal. Acompanhei na fronteira, na Guarda e agora aqui”, conta Mariana. Também Isabel Abrantes considera que “é um momento único, e não temos oportunidades de ver isto muito mais vezes”.
Diocese da Guarda vai ter um “papel diferenciador”
Para o padre Rafael Neves, da Pastoral Juvenil da Diocese da Guarda, seria impossível deixar a Torre de fora da peregrinação dos símbolos.
“Não podíamos ter a peregrinação dos símbolos na diocese sem vir a este local tão emblemático. Estamos a fazer caminho e as pessoas estão mobilizadas”, garante o sacerdote, na presença do bispo da Guarda.
D. Manuel Felício acredita que a Diocese da Guarda desempenha um papel diferenciador na JMJ. “Estamos a conjugar tudo para termos um papel diferente, pela fronteira em Vilar Formoso, já temos um acordo com a autarquia local, temos um lugar onde receber os visitantes, que por sinal é o memorial de Aristides de Sousa Mendes, temos 220 quilómetros de raia, mas Vilar Formoso é a principal porta da entrada”, sublinha.
Na noite deste domingo ainda se ouviram cânticos em S. Romão e vão continuar a ouvir-se na Diocese da Guarda até ao dia 3 de abril, e depois de os símbolos passarem por todos os arciprestados.
Nos meses que antecedem cada Jornada Mundial da Juventude, e a próxima será em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023, os símbolos partem em peregrinação para serem anunciadores do Evangelho e acompanharem os jovens.