O Presidente da República anunciou esta segunda-feira, em Santarém, que vai condecorar Fernando Salgueiro Maia com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique no próximo dia 1 de Julho, quando o "capitão de Abril" faria 72 anos.
Marcelo Rebelo de Sousa prestou homenagem a Salgueiro Maia na sua "terra adoptiva" e de onde, na madrugada de 25 de Abril de 1974, partiu da Escola Prática de Cavalaria à frente de uma coluna militar que teve papel fulcral no derrube do regime do Estado Novo.
"Quarenta e dois anos depois, aqui está, em Santarém, na sua terra adoptiva, alguém que em 1974, com 25 anos, vibrou com o momento histórico da abertura para a democracia, a homenagear um homem que soube representar a serena coragem de um povo, mas, mais do que isso, está o Presidente da República de Portugal que neste primeiro 25 de Abril após ter assumido as suas funções vem dizer que decidiu condecorar Fernando José Salgueiro Maia com a Ordem do Infante D. Henrique", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa, muito saudado pelas centenas de pessoas que assistiram à cerimónia realizada no Jardim dos Cravos, onde se encontra a estátua de Salgueiro Maia e a chaimite "Bula" (que transportou Marcelo Caetano), justificou a sua presença sobretudo por querer "agradecer a Salgueiro Maia o ter encabeçado o começo da alvorada democrática e o ter permanecido igual a si próprio até ao fim da vida".
Segundo a página da Presidência da República, a Ordem do Infante D. Henrique destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores.
A cerimónia foi marcada pelo depoimento da neta de Salgueiro Maia, Daniela, que declarou o "orgulho imenso nos valores que [o avô] deixou, a coragem, a humildade, a solidariedade e a honestidade com que sempre viveu" e agradeceu ao Presidente o ter aceitado participar na cerimónia simples que todos os anos se repete neste local.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou o homem "simples, sem ambições de mando ou de glória", que, terminada a missão militar, que foi "sobretudo uma missão cívica", soube "regressar ao quartel para voltar a ser o que era, com a naturalidade de quem não reclama louros nem aspira a celebridade".
Para o Presidente, à sua maneira, Salgueiro Maia "deu expressão a um povo e a uma maneira de ser e de viver ao longo dos séculos" marcada por "uma vontade discreta mas firme de servir Portugal sem alarido nem busca de fama".
"Salgueiro Maia foi há 42 anos o retrato desse povo que é o que Portugal tem de melhor, melhor do que os mais falados, os mais renomados, os mais influentes ou tidos como tal. Melhor dos que os mais poderosos na política ou na economia", declarou.