O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostra-se “estupefacto” com a notícia de que o Novo Banco vai necessitar de mais dinheiro do Fundo de Resolução.
"Não costumo comentar casos concretos da vida de instituições bancárias. Eu ouvi a notícia, fiquei estupefacto com ela, mas verdadeiramente não comento esse tipo de notícias para não estar a entrar na situação concreta de instituições financeiras", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República falava aos jornalistas nas instalações da RTP, minutos depois de ter dado uma aula aos alunos da Telescola.
Por causa da Covid-19, o Novo Banco vai precisar de mais capital este ano, avançou no fim de semana o presidente António Ramalho, em entrevista a Jornal de Negócios e Antena 1.
A previsão, já entregue ao Fundo de Resolução, terá de ser revista em alta. “Houve uma deterioração da situação económica e é previsível que nos vá levar a necessidades de capital ligeiramente suplementares em relação àquelas que existiam”, disse.
O gestor não quis avançar qualquer valor. “Tenho sido sempre cauteloso não antecipar qualquer número. Acontece basicamente que houve uma deterioração da situação económica e é previsível que, no nível de cenário que temos hoje, nos vá levar a necessidades de capital ligeiramente suplementares em relação às que existiam”, afirmou.
Depois da entrevista, o Novo Banco esclareceu que não irá recorrer ao Fundo de Resolução, este ano. Se isso acontecer, será apenas em 2021.
Em comunicado enviado às redações, a Direção do Novo Banco garante que "qualquer eventual nova chamada de capital referente a necessidades de 2020, de acordo com o atual modelo, será feita em 2021, após aprovação das contas auditadas, após parecer da Comissão de Acompanhamento e verificadas com agente independente".
Esta segunda-feira, o presidente do PSD, Rui Rio, questionou que o Estado, através do Fundo de Resolução, pague mais dinheiro ao Novo Banco para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19.
Na sua conta no Twitter, o líder social-democrata faz duas perguntas em que manifesta as suas dúvidas: “Se a covid-19 ocorreu depois da venda do Novo Banco em 2017, como é que o desgraçado contrato (que não se conhece) pode permitir uma coisa destas?”
Rui Rio questiona, indiretamente, o Governo “se o Fundo de Resolução, leia-se o Estado", vai pagar.
“O que mais há são empresas que precisam de mais dinheiro devido à pandemia”, afirmou ainda.