As gerações mais novas sentem-se discriminadas no contexto profissionais e acreditam que, por isso, têm menos oportunidades e são mais mal-pagos. As conclusões são da Fundação Francisco Manuel dos Santos que divulga, esta segunda-feira, um estudo chamado “Compreender o idadismo no local de trabalho”.
No documento, lançado no Dia Internacional da Juventude, 12 de agosto, é analisado um preconceito pouco abordado: o da idade.
“Há uma menor consciencialização do idadismo comparando com outros ismos, o sexismo e o racismo”, aponta, em declarações à Renascença, Susana Schmitz, uma das autoras deste estudo.
A ideia passou, por isso, por abordar o tema e entender se as pessoas se sentem alvo de discriminação em função da sua idade. Mais de 3 em cada 10 questionados do estudo relatam “níveis moderados e elevados” de discriminação com base na idade.
Mais novos, menos dinheiro
Uma das principais queixas dos mais novos é serem prejudicados pela sua idade “em todas as fases do emprego: do recrutamento à promoção e ao despedimento”.
“Os trabalhadores mais jovens tendem também a ser relativamente mal pagos, não se sentem valorizados, recebem comentários depreciativos, são vistos como menos competentes e têm menos oportunidades de desenvolvimento do que os colegas mais velhos”, pode ler-se no relatório da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Segundo o estudo, divulgado esta segunda-feira, são os trabalhadores mais jovens os que mais reportam, sendo que um quarto dos jovens o fizeram. Isso não significa que os mais velhos não sintam discriminação, só que, segundo o documento, queixam-se menos disso.
“Os mais jovens foram os que mais reportaram serem alvos de discriminação em função da idade. São eles que mais percebem esse tipo de discriminação”, vinca Susana Schmitz.
Ainda assim, a professora e co-autora do estudo alerta: “Mas as consequências [da discriminação] são negativas quer para os mais jovens, quer para os mais velhos”.
Entre os exemplos de discriminação sentida, há três que se destacaram pela quantidade de vezes que foram sinalizados.
“Situações em que não viram a sua opinião valorizada. Não serem considerados para uma função ou foram culpados por uma falha que aconteça no trabalho”, resume Susana Schmitz em declarações à Renascença.
Conselhos para as empresas
Os autores do estudo avisam que “o idadismo pode constituir um obstáculo à retenção de talento, levar a que os trabalhadores mais jovens não se sintam valorizados” e que pode “criar conflitos interpessoais”, culminando no “aumento dos níveis de stress” dos trabalhadores da empresa.
No polo oposto, podem também levar a reformas antecipadas dos mais velhos, tendencialmente mais identificados com a “direita conservadora”, segundo o estudo.
Também no diagnóstico dos problemas, a professora Susana Schmitz assinala que o grupo etário que mais discrimina os mais novos são os mais velhos e vice-versa. E reconhece que há, em alguns casos, “algum conflito intergeracional”.
Por consequência, aconselham as empresas a criar “oportunidades de contacto intergeracional” para encurtar possíveis trincheiras entre trabalhadores mais novos e mais velhos.
Além disso, deixam a pista às organizações para criarem programas de mentoria e mentoria inversa de forma a quebrar estereótipos e aproximar as gerações.