O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defende que, em vez de "perder tempo a escrever cartas" à União Europeia, o Governo devia ter tomado já medidas para enfrentar a crise da habitação.
"O Governo, em vez de estar a perder tempo a escrever cartas para a União Europeia, - espero que não tenha mandado pelos CTT, porque como isto está nunca mais lá chega - podia ter feito uma coisa simples, que é, aquilo que tem no seu poder, nas suas mãos, decidir", afirmou esta sexta-feira o líder comunista.
À margem da visita às exposições do Espaço Central da Festa do Avante!, pouco depois da abertura das portas do recinto, Paulo Raimundo foi questionado sobre a carta do primeiro-ministro à Comissão Europeia, pedindo que coloque o problema da habitação nas suas prioridades.
O secretário-geral do PCP elencou que o Governo podia ter implementado "uma moratória para os créditos, como aconteceu durante o período da [pandemia de] covid", podia "obrigar a Caixa Geral de Depósitos, que é um banco público, a fixar como limite 0,25 de spread nos créditos" e também "podia ter resolvido já ontem a decisão de fixar como aumento máximo das rendas para o próximo ano 0,43%", propostas que o partido tem defendido.
"Isto não precisa de nenhuma autorização da União Europeia, nem de um consórcio europeu para resolver", salientou, considerando que são opções que o executivo "Governo podia ter feito, pode fazer, deve fazer".
Defendendo que "tudo o que seja ajuda é bem-vindo, mas não vale a pena é soprar para cima", Paulo Raimundo apontou que o Governo "podia ter feito isso tudo e depois mandava a carta".
O jornal Expresso noticiou hoje que o primeiro-ministro enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propondo que Bruxelas dê prioridade à procura de resposta para problemas como a habitação, a fuga de talentos ou a recuperação de territórios ardidos.
Questionado também sobre a notícia do jornal "online" Observador, que indica que o primeiro-ministro defendeu, no último Conselho de Estado, mudanças nas buscas judiciais aos partidos, o líder comunista apontou que "essa não é a matéria fundamental" que os portugueses enfrentam, nem "são as preocupações das pessoas", pois "não altera nada" na sua vida e no seu dia a dia.
Paulo Raimundo disse não ser "contra nem a favor" esta matéria, indicando que será necessário "ver no concreto qual é o texto" da proposta.
O comunista considerou existir "uma diferença brutal entre a propaganda, os anúncios e depois o concreto, a vida das pessoas", referindo que isso é visível "em todas as vertentes".
"Até com receio dessa situação, o melhor é nós não dizermos nada sem ver no concreto", ressalvou.