O que fez o Governo em 100 dias? Ministro responde à oposição com Monty Python
20-07-2022 - 20:56
 • Ricardo Vieira e Susana Madureira Martins

Do Orçamento à descentralização, Pedro Adão e Silva elencou o trabalho realizado nos últimos meses e garantiu que o horizonte do executivo é 2026.

A maioria governamental é para um horizonte de legislatura e daqui a quatro anos as oposições terão a sua oportunidade, declarou o ministro Pedro Adão e Silva, no encerramento do debate do Estado da Nação, desta quarta-feira, no Parlamento.

Depois de o primeiro-ministro ter reconhecido que o país tem problemas na saúde, nas florestas e nos aeroportos, e que devido à guerra e à inflação está pior do que há um ano, o ministro da Cultura garante que o Governo de maioria “não foge à responsabilidade”.

“O nosso compromisso não é apenas com o tempo curto. O horizonte deste Governo é 2026 e esta é uma legislatura com uma responsabilidade acrescida, porque neste período se cumprem 50 anos do 25 de Abril, 50 anos da democracia portuguesa”, afirmou o ministro da Cultura.

Numa intervenção de fundo puramente política, Adão Silva desfiou as medidas que o Governo já veio tomando em quatro meses e ironizou recordando uma rábula do coletivo de humoristas britânico Monty Python.

“Vão-me permitir a referência, mas na verdade tudo isto me faz lembrar aquela rábula dos romanos na 'Vida de Brian', dos Monty Python”, começou por referir.

“Tirando um Orçamento do Estado e um acordo de parceria com a Comissão Europeia, tirando as medidas para conter o aumento dos combustíveis e da eletricidade, tirando o reforço do rendimento dos mais vulneráveis, tirando a valorização das qualificações, tirando uma reforma administrativa que descentraliza competências, tirando um acordo de mobilidade que responde às necessidades do mercado de trabalho… Tirando isso, é caso para perguntar: o que fez o Governo pelos portugueses em apenas 100 dias?”, afirmou o ministro da Cultura.

No encerramento do debate do Estado da Nação, Pedro Adão e Silva salientou que o Governo está "em funções num período histórico e de grandes dificuldades", mas vai fazer por merecer a confiança depositada pelos portugueses nas últimas eleições.

O executivo não vai "alimentar divisões". O objetivo é "avançar juntos" rumo a reformas que mudem o país e não sejam "feitas contra as pessoas".

"Temos de modernizar o país e proteger as pessoas e em simultâneo. São as duas bases em que assenta a nossa estratégia", sublinhou.

Após meses de várias crises na saúde e nos aeroportos, Pedro Adão e Silva garante que o Governo tem "a energia necessária para fazer face a dificuldades e a vontade essencial para conduzir as mudanças que o país precisa", numa "maioria de diálogo que conta com todos".

O debate do Estado da Nação fica marcado pela promessa do primeiro-ministro de um pacote de medidas anti-inflação, a apresentar em setembro, para apoiar famílias e empresas.

António Costa também avançou que chegou esta quarta-feira a acordo com o setor social para que as creches seja gratuitas para as crianças do primeiro ano, a partir de setembro.

O chefe do Governo também admitiu que “o país está pior” em relação ao ano passado, por causa do impacto da inflação.

“Como é que algum país, que está a sofrer o impacto da inflação como nós, pode estar melhor do que estava antes de estar a sofrer este impacto da inflação?”, declarou António Costa, em resposta à Iniciativa Liberal.