A especialista em Relações Internacionais, Sandra Fernandes considera que a decisão do Tribunal Penal Institucional coloca “Netanyahu e o Hamas no mesmo patamar de fora da lei”. Em causa, estão crimes de guerra e crimes contra a Humanidade.
Esta segunda-feira, um procurador do tribunal pediu a emissão de mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar.
“Há mais uma organização, um organismo internacional, que serve à narrativa que o regime de Netanyahu é um regime genocidário” diz a especialista, à Renascença, que acredita que a situação é pior para Israel.
"Para Netanyahu, penso que o vexame é pior, porque desconstrói a imagem da postura de autodefesa de Israel de que não está a cometer nenhuma violação dos Direitos Humanos. O Hamas é uma criminalização, mas já era uma organização terrorista. Já sofria de muitas limitações por tudo isso. Para Netanyahu é obviamente uma grande novidade. Fica equiparado a Putin, que também é alvo desse tipo de mandatos ", argumenta Sandra Fernandes.
Relativamente à morte do primeiro-ministro Iraniano, Ebrahim Raisi, num exercício que diz ser especulativo, Sandra Fernandes sugere que a morte pode estar relacionada com a intenção de afastar Raisi do poder.
“Este acidente de helicóptero e esta morte indicam que, muito provavelmente, foi uma forma de resolver tensões que existiam entre as pessoas que estão a chefiar o regime no Irão e uma forma de criar aqui alternância, no sentido desejado pelo Ayatollah Khomeini, e digamos, eliminar um eventual adversário político. Mas, tudo isto está em aberto neste momento, sobretudo num regime que não é um regime democrático, em que é mais difícil fazer a leitura das alianças e desalianças que acontecem", acrescentou.
Questionada sobre o impacto da morte do primeiro-ministro na política Iraniana, a especialista afirma que a estabilidade do regime dos Aiatolás é um dos motivos para que “não se espere alterações significativas nem na política interna, nem na política externa”.