O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, revelou, esta quinta-feira, que tem pedido aos talibãs que respeitem “um conjunto de direitos humanos básicos” no Afeganistão, sem discriminar as mulheres, para que possam obter o apoio da comunidade internacional.
“Temos verificado que houve promessas por parte dos talibãs que são razoáveis, mas a verdade é que estamos a ver muitas situações no terreno que desmentem essas promessas”, alertou António Guterres, em entrevista à RTP, adiantando que as Nações Unidas têm dialogado com o novo governo afegão.
De acordo com o secretário-geral da ONU, há milhões de afegãos que estão numa situação humanitária desastrosa.
“Nós estimamos que são 18 milhões as pessoas que estão com problemas de insegurança alimentar, com problemas de saúde gravíssimos e que necessitam absolutamente de uma ajuda humanitária”, recordou Guterres.
Lembrando que os “princípios humanitários obrigam a falar com todos os atores políticos”, o dirigente da ONU atentou que tem discutido “seriamente” dois aspetos com os talibãs: a ajuda humanitária e os direitos das mulheres.
“A nossa principal preocupação, e grande insistência que temos tido no diálogo com os talibãs, tem a ver com direto de todas as jovens terem educação e o direito de todas as mulheres trabalharem, essa é uma das questões em que estamos a insistir mais fortemente”, indicou.
António Guterres acrescentou que “isso tem de mudar e que os direitos das mulheres e das jovens são um elemento fundamental” para os talibãs “poderem ter o reconhecimento que pretendem e para poderem ter o apoio por parte da comunidade internacional”.