"Não é mais concebível que lhe sejam concedidos [a Gerhard Schröder] pelos contribuintes fundos para gabinetes", afirmou o ministro das Finanças alemão, em declarações ao grupo de comunicação social Funke, citadas pela AFP.
Para o governante, devem ser "tiradas consequências" da recusa de Schröder em pôr fim às suas responsabilidades em vários grupos russos e em condenar a invasão russa da Ucrânia.
Como antigo chanceler, cargo que exerceu entre 1998 e 2005, Schröder ainda tem direito a vários espaços na Câmara dos Deputados e a um orçamento para pessoal, um privilégio que custa 400.000 euros por ano aos contribuintes.
"Ex-titulares de altos cargos, que obviamente estão do lado de governos criminosos, não podem contar com o apoio do Estado", disse Lindner.
Os benefícios concedidos ao antigo chanceler poderiam, assim, ser reduzidos no contexto dos próximos debates sobre o orçamento de 2023.
"Seria sensato padronizar o equipamento dos ex-detentores de altos cargos e reduzi-lo ao longo do tempo. Nesse contexto, deve-se falar também de uma espécie de código de honra no que diz respeito ao comportamento", acrescentou Lindner, presidente do partido liberal FDP e membro da coligação liderada pelo chanceler Olaf Scholz.
A pressão em torno de Schröder, 77 anos, tem vindo a aumentar, tendo já sido privado de distinções honorárias por várias cidades e alvo de pedidos de expulsão do partido social-democrata SPD.
Schröder tornou-se uma figura incómoda, inclusivamente para o atual chefe de Governo, Olaf Scholz, de quem foi mentor.
A polémica voltou a crescer após uma entrevista transmitida no último fim de semana pelo New York Times, na qual Schröder afirmou que não tinha intenção de abrir mão dos seus mandatos em empresas russas e que só o faria se Moscovo decidisse cortar o fornecimento de gás para a Alemanha, um cenário em que disse não acreditar.
A maioria dos ex-líderes europeus presentes antes da guerra na Ucrânia nos órgãos sociais das empresas russas já renunciou aos cargos.
O antigo chanceler é presidente do comité de acionistas da Nord Stream AG, o controverso gasoduto entre a Rússia e a Alemanha que não tem licença para operar, e presidente do conselho de supervisão da Rosneft, o principal grupo petrolífero da Rússia.