Na abertura do Fórum Anual do Banco Central Europeu, que decorre em Sintra, a vice-diretora do FMI alertou que a inflação está a demorar muito a baixar.
Na visão do comentador d’As Três da Manhã “há várias explicações” para que assim aconteça e “há uma óbvia que é um desencontro entre aquilo que é a capacidade de oferta das empresas e aquilo que é possibilidade de compra por parte de quem compra”.
João Duque nota que “temos aqui um desencontro”, que às vezes é justificado pelo lado de quem oferece, lembrando que o que os governadores normalmente fazem é aumentar as taxas de juro e isso dificulta a vida a todos - particularmente, a quem tem dívidas, porque dificulta a aquisição de bens ou de endividamento por parte das empresas.
“Agora, ainda há um fator adicional que são as expectativas das pessoas. A inflação é um bocadinho, como dizia o Fernando Pessoa sobre - penso que era - a Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se”, observa.
“E é mesmo assim, a inflação primeiro começa por ser um problema que, aparentemente, se pode resolver facilmente e, quando se deixa entranhar, depois é muito difícil”, sublinha.
Ainda assim, o comentador assinala que “as expectativas não são muito elevadas de inflação”, porque “as taxas de juro no mercado de dívida de prazos muito dilatados não estão muito elevadas, se comparadas com as taxas de curto prazo”.
Questionado sobre se os juros vão continuar a subir, João Duque admite que sim, destacando que os bancos centrais tardam em fazer uma outra coisa que é apertar mais, por exemplo, na "capacidade de concessão de crédito".
“Porque o dinheiro vê-se como aquilo que temos na carteira, mas não é só isso, nomeadamente, a capacidade de crédito, tanto o endividamento. A capacidade de endividamento é dinheiro, porque, quando dão licença para comprar e quando temos dinheiro para comprar, é dinheiro”.
Por fim, o comentador entende que a alternativa à subida dos juros pode ser “dificultar a vida aos bancos para não emprestarem tanto dinheiro às pessoas”.