O que é que se sabe desta linhagem?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a linhagem BA-5 da Ómicron tem várias características genéticas consideradas de interesse pelos especialistas. Por exemplo, apresenta mutações com impacto na entrada do coronavírus nas células e pode ser mais transmissível do que a BA.2 até agora dominante.
Não há dados que indiquem que provoca Covid-19 mais grave.
A parte negativa é que esta linhagem está a crescer e muito em Portugal.
Só para se ter uma ideia está a crescer a um ritmo de 13% ao dia. Pelas contas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), entre a segunda e a terceira semanas de abril duplicou a sua frequência e nesta altura já é responsável por 37% dos casos positivos.
A manter-se esta evolução, o INSA acredita que lá para o dia 22 esta linhagem será responsável por 80% dos novos casos de Covid-19.
Isto explica porque é que temos tantos casos, nesta altura? A situação é preocupante?
É preocupante e explica em parte, pelo menos. Só na terça-feira, dia 10 de maio, Portugal registou 24.538 novos casos e 26 mortes por covid-19.
Portugal tem a segunda maior média de novos casos de Covid-19 em sete dias, só ficamos atrás da Austrália.
Se falarmos apenas da Europa, Portugal já é o país com maior número de casos por milhão de habitantes.
O último relatório do grupo de trabalho do Instituto Superior Técnico sobre a evolução da pandemia, hoje divulgado, diz que já se pode falar numa sexta vaga: a incidência média a sete dias aumentou de 8.763 para 14.267 casos desde 19 de abril.
O RT, índice de transmissibilidade, está agora em 1.17, o que significa que a pandemia está a crescer.
E apesar de não haver indicação de que esta linhagem provoca doença mais grave, o certo é que a afluência às urgências disparou?
Esta semana tem sido crítica em particular nos hospitais do norte do país. O Hospital de São João, no Porto, bateu recordes de procura, sendo no caso dos adultos, 46% dos doentes testaram positivo à COVID-19.
A situação repetiu-se no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde o aumento da afluência às urgências se fica a dever a casos positivos de Covid-19, sobretudo entre jovens.
O mesmo se passa no hospital de Viana do Castelo, que registou na última sexta-feira quase 3.500 casos positivos mais 680 do que na semana anterior.
Significa isto que as pessoas estão a ir à urgência - em muitos casos - porque têm problemas respiratórios, e acabam por testar positivo à Covid-19.
Esta é uma situação que poderia ser resolvida - em parte - como disse à Renascença, o diretor do serviço de infeciologia do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez, se os testes voltassem a ser gratuitos.
Fernando Maltês diz que há muita gente a ocupar as urgências quando apenas precisa de fazer teste.
A par desta nova estirpe - mais transmissível - o facto de deixarmos de usar máscara já fazia prever que os casos de Covid iam aumentar?
Em grande parte sim, acabaram os testes gratuitos e as máscaras obrigatórias na generalidade dos espaços fechados.
As consequências estão à vista, até porque o apelo das autoridades à chamada responsabilidade individual tem uma resposta muito relativa.
De repente as máscaras quase desapareceram da maior parte dos locais, mesmo em acontecimentos de massas.
Ainda nos últimos dias tivemos os festejos do título do Futebol Clube do Porto, vamos ter agora o 12 e 13 de maio em Fátima, festivais de música, o mês dos santos, com marchas populares e outras festas sem restrições.
Neste cenário, a subida de casos promete continuar.